“A Viagem do Rei”, que se estreia esta sexta-feira no DocLisboa, é um filme sobre Rui Reininho, “a pessoa e não o vocalista dos GNR”, que foge ao formato convencional de um documentário, disse à Lusa o realizador.
Quando se fala do Rui Reininho é incontornável falar dos GNR, mas isto não é um documentário sobre o vocalista dos GNR. É um documentário sobre Rui Reininho, a pessoa”, afirmou João Pedro Moreira, em declarações à Lusa.
Segundo o realizador, a ideia foi tentar responder à questão “quem é o Rui?”, “nas diferentes personas que cria ao longo da vida”.
“Onde é que nasceu, o percurso dele, a infância, o impacto que a infância teve em todo o processo, a adolescência, a Guerra Colonial, o que ele passou naquela fase. E depois todo o processo de ele lidar com ter uma banda emergente, a parte das drogas, todo aquele ‘rock and roll’ que está agregado a uma carreira ligada à música”, contou.
Para João Pedro Moreira, o convite de Roger Mor, guionista do filme, e de Maria Manuel Andrade, produtora, para dirigir “A Viagem do Rei” foi “uma grande oportunidade de fazer alguma coisa por alguém, e com alguém”, que admira muito.
“Não só pelo trajeto dele na música, mas até mais pela forma como utilizou o holofote de uma forma diferente da que os artistas geralmente usam, de uma forma mais disruptiva, de fugir um bocadinho àquilo que é a ‘normalidade'”, referiu.
De acordo com o realizador, Rui Reininho teve “um papel importante” na maneira como o documentário foi criado, “mas não um papel ativo no sentido de direcionar sobre o que fazer”.
“Dissemos-lhe logo que não queríamos fazer um documentário convencional, com pessoas a falar sobre ele. E isso agradou-lhe logo, fugir a essa normalidade do documentário”, recordou.
Rui Reininho é o protagonista, que vai falando por cima de “paisagens visuais criadas de acordo com a forma de ele escrever”.
“Criámos cenários meio surreais, místicos. E criámos personagens, a partir de ‘alter egos’ que ele teve, mas também ele em criança. A parte ‘anarca’ é personificada pelo ator Paulo Pascoal, e depois temos o Rui a encarnar a parte dele como a ‘persona’, o artista. Além disso, há uma personagem ligada à parte esotérica que o Rui tem, que é um ser de luz que vai aparecendo”, descreveu João Pedro Moreira.
A entrevista a Rui Reininho, que foi feita ao longo de dois dias, foi “quase uma sessão de terapia, para os dois lados, mas muito engraçado”. “O Rui é uma pessoa muito inteligente”, considerou o realizador.
A palavra “rei” no título do filme “vem de Reininho, principalmente, mas também alude ao ‘rei da pop’, que já algumas vezes lhe chamaram, com os GNR”.
João Pedro Moreira já fez outros documentários relacionados com música e é a essa área a que gostava “de continuar ligado”, embora esteja “sempre aberto a novas aventuras e a novas viagens”.
“Dou valor a estas pessoas que estão na música e merecem ter um pedacinho de história que fica registado, para novas gerações poderem ver e rever e descobrir estas personagens que passaram pela música portuguesa”, disse.
“A Viagem do Rei” é exibido esta sexta-feira, às 22h00 na Culturgest, no Auditório Emílio Rui Vilar. O filme integra a secção competitiva “Heart Beat” do DocLisboa, que decorre até domingo.
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