Tudo indica que o antigo CEO e fundador da Nikola, Trevor Milton, chegou ao fim da linha como fabricante de veículos eléctricos. Criou a Nikola, com a promessa de controlar toda a tecnologia, seja ela respeitante a eléctricos alimentados por bateria ou por células de combustível a hidrogénio, o que lhe abriu as portas para grandes construtores nos EUA e na Europa. De caminho e para cativar investidores, divulgou um vídeo do seu primeiro camião 100% eléctrico a bateria, em que este se deslocava sem dificuldades, o que lhe granjeou mais uns investidores. Porém, veio-se a provar que era tudo uma farsa, tanto em relação à tecnologia como no que respeita ao camião eléctrico, uma vez que não só não possuía motores ou bateria, como foi ainda filmado a andar… numa descida.

CMVM americana puniu Nikola e acusa o seu CEO

Bastou que uma firma de investimento realizasse uma investigação mais aprofundada para expor as mentiras em que o fundador e CEO montou toda a sua estratégia. E assim que ficou claro que quase tudo era falso e que Milton mentia descaradamente para atrair investidores para a “sua” Nikola, não foi preciso esperar muito para que os processos começassem a surgir, contra a Nikola e, sobretudo, contra Trevor Milton, uma vez que ambos passaram a ter à perna a Securities and Exchange Commission (SEC), a CMVM norte-americana.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Nikola cada vez pior. General Motors diz que a pick-up Badger era só sua

A Nikola acordou pagar 125 milhões de dólares para evitar uma acusação de fraude da SEC em 2021, mas o processo de Milton só agora transitou em julgado. E, como se esperava, o julgamento do ex-CEO, que só não estava confinado a uma cela prisão por ter avançado com uma caução de 100 milhões, não lhe correu de modo nada favorável, tendo sido condenado em três das quatro acusações de fraude que o visavam.

Além da condenação determinada pelo júri do tribunal federal, Milton teve ainda de ouvir o advogado do procurador norte-americano referir-se a si como “um vigarista”, para de seguida resumir os crimes de forma bastante sucinta: “Ele mentiu aos investidores para receber o dinheiro, pura e simplesmente.” O fundador da Nikola, que foi obrigado a afastar-se da empresa em 2021, deverá continuar a batalhar em tribunal, o que levou o juiz Edgardo Ramos a mantê-lo em liberdade pela mesma caução de 100 milhões até Janeiro, altura em que a sentença será conhecida.