A conselheira relatora do parecer do Conselho Económico e Social sobre natalidade salientou esta quarta-feira que não há uma forma milagrosa de resolver o “inverno demográfico” e que será difícil solucionar este problema sem olhar para a economia e o trabalho.
Ana Drago e o presidente do Conselho Económico e Social (CES) estiveram esta quarta-feira a ser ouvidos na Comissão de Trabalho, Segurança Social e Inclusão da Assembleia da República, onde apresentaram aos deputados as conclusões do parecer “Natalidade em Portugal — Uma questão política, económica e social”.
Este parecer foi tornado público no início deste ano, com o CES a defender o reforço das políticas de apoio à família e dos direitos parentais, assim como a melhoria dos salários e do acesso à habitação, para incrementar a natalidade em Portugal.
A análise da atualidade foi feita com base nos dados do Instituto Nacional de Estatística, que demonstraram que “as pessoas têm menos filhos do que desejam e têm-nos mais tarde, devido à falta de condições socioeconómicas“.
Perante as questões apresentadas hoje pelos vários deputados, a conselheira relatora do parecer apontou que para o grupo de trabalho “não há uma política milagrosa que vá resolver o inverno demográfico”.
“Precisamos de conseguir uma articulação política boa, que responda a diferentes políticas setoriais, que sucessivamente vamos percebendo (…) que colocam desafios às novas gerações as suas formas de constituição de família”, defendeu, acrescentando que dentro do CES há uma “preocupação genuína” com a questão da natalidade, apesar de admitir que depois há visões muito diferentes de como alcançar o objetivo.
Salientou que importa ver como se olha para as formas de integração no mercado de trabalho, que está cada vez mais segmentado, “com dimensões de informalidade” e que tem levado a “esta corrente de precarização ao longo das últimas duas décadas”.