Era o regresso de Silvio Berlusconi a San Siro. Depois de décadas à frente do AC Milan, liderando o clube ao longo de um período grandioso que incluiu a conquista de oito Serie A e cinco Ligas dos Campeões, o antigo primeiro-ministro de Itália voltava ao estádio dos rossoneri numa qualidade algo atípica: a de presidente honorário da equipa visitante.

Este sábado, com a visita do Monza ao AC Milan, Berlusconi regressava à tribuna onde tantas vezes se sentou nas últimas décadas para ocupar o lugar do adversário. O político comprou o Monza, então na Serie C e em 2018, por uns “parcos” três milhões de euros e escassos 18 meses de vender o AC Milan por cerca de 740. O projeto nasceu de uma conversa de café entre o italiano e aquele que foi o seu braço direito nos rossoneri durante quase três décadas, Adriano Galliani, o CEO do clube de Milão até 2016 — que nasceu precisamente em Monza e que, naturalmente, tem uma ligação forte ao clube da cidade natal. Como presidente, num cenário claramente familiar, ficou Paolo Berlusconi, o irmão do antigo primeiro-ministro.

“Levar o Monza à Serie A 110 anos depois deu-me mais alegria do que ganhar a Liga dos Campeões. Vou intervir diretamente nas escolhas do Monza, com conselhos, porque foi assim que fiz com todos os meus treinadores no AC Milan. Já provei que, no futebol, sei como atingir os objetivos que estabeleço”, disse recentemente Silvio Berlusconi, na sequência da histórica subida do Monza à Serie A no final da época passada.

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Com o português Dany Mota como principal estrela, o Monza visitava então o AC Milan num dérbi da cidade de Milão e já longe da zona de despromoção que ocupou durante as primeiras jornadas da temporada. Na semana em que integrou o 11 do ano na Gala do Futebol da Serie A, onde foi eleito o melhor jogador da época passada em Itália e onde ainda foi o melhor português no ranking da Bola de Ouro, Rafael Leão era poupado por Stefano Pioli na antecâmara de dias decisivos na Liga dos Campeões e começava no banco. Origi, naturalmente, era a referência ofensiva do AC Milan, com Dany Mota a ser também titular no Monza.

Brahim Díaz deu uma vantagem importante à equipa de Pioli ainda na primeira parte, abrindo o marcador à passagem do quarto de hora inicial (16′) e bisando nos minutos que antecederam o intervalo (41′). Rafael Leão entrou já a meia-hora do apito final, enquanto que Dany Mota foi substituído também já na segunda parte, e Origi colocou uma pedra na partida com um grande pontapé de fora de área que aumentou a vantagem do AC Milan (65′). Ranocchia ainda assinou a reação do Monza, com um livre direto perfeito que foi o primeiro golo da história do Monza em San Siro (70′), mas Leão acabou com o jogo ao carimbar a goleada com um remate já na grande área (84′).

Num jogo em que o Monza nunca quis colocar o autocarro à frente da baliza, o AC Milan foi compreensivelmente superior e colocou-se ao Nápoles na liderança da Serie A, ficando agora à espera dos resultados tanto dos napolitanos como da Atalanta. Cinco anos depois de se ter despedido do clube do coração, Silvio Berlusconi voltou a San Siro com a outra paixão — e perdeu.