A magnata transgénero da empresa de media e conteúdos digitais, JKN Global Group, comprou a Organização da Miss Universo por 20 milhões de dólares (sensivelmente o mesmo em euros). É assim a primeira vez que o concurso de beleza pertence a uma mulher.
“Compramos a MUO — organização da Miss Universo até aqui propriedade da Endeavor Group Holdings dos Estados Unidos da América —, uma marca global de forte herança com mais de 71 anos de história e mais de mil milhões de espetadores no mundo”, disse Jakkaphong ao Bangkok Post. “Também é a primeira vez que a marca vai pertencer a uma mulher e a uma pessoa que não é americana”, congratulou-se a multimilionária.
Diretora executiva e maior acionista do grupo, Jakapong “Anne” Jakrajutatip é uma celebridade tailandesa conhecida por aparecer em vários reality shows como o Project Runway e Shark Tank. De acordo com o Bangkok Post, esta aquisição é mais uma das suas estratégias para potencializar os seus vários negócios de conteúdos e vendas.
A JKN Global Group pretende alargar a marca além das competições com outros negócios como spas, hotéis e jatos privados. Além disso, também pretende fabricar produtos relacionados com beleza e destacar diretores criativos e designer de moda para evoluir o setor destes concursos, acrescentou a empresária.
Deste modo, a JKN Global Group espera que as receitas da Miss Universo cubram todo o investimento agora feito dentro de dois ou três anos, enquanto se prevê que a venda dos bilhetes para o espetáculo aumente 25%.
Jakrajutatip explicou à mesma fonte que a Miss Universo vai manter a competição dentro dos padrões internacionais, e a próxima edição será na Tailândia, o que o governo tailandês recebeu de bom grado para impulsionar as receitas do turismo.
O concurso anual de beleza já foi co-propriedade de Donald Trump entre 1996 e 2002, é transmitido em 165 países e já tem uma lista de anfitriões até 2024, adiantou o The Guardian. Jakkaphong aproveitou o mediatismo da compra milionária para falar sobre a sua experiência como mulher transgénero e da sua fundação Life Inspired For Thailand, que defende os direitos à dignidade da comunidade.
A Tailândia tem uma reputação internacional positiva, mas quando se trata dos direitos LGBTQ, a falta de um procedimento legal para a mudança de género, com a insuficiente proteção e estigmas sociais, limita o acesso das pessoas transgénero a vários serviços, revelou a organização Human Rights Watch, num relatório do ano passado.