A portuguesa Marina Machete ficou entre as 20 melhores da 72ª edição do Miss Universo, cuja final aconteceu este sábado em El Salvador. O prémio foi para a candidata da Nicarágua, Sheynnis Palacios, que conquistou um título inédito para o país. O pódio ficou completo com as representantes da Tailândia, Anntonia Porsild, e da Austrália, Moraya Wilson, respetivamente.

Marina Machete, 28 anos, natural de Setúbal, ficou no grupo de 20 semifinalistas do concurso. Na seleção das 10 concorrentes que passaram à final a portuguesa ficou de fora da lista.

A edição é histórica para Portugal. Marina Machete tornou-se a primeira mulher trans a representar Portugal no maior concurso de beleza do mundo — que começou a permitir a participação de pessoas trans em 2012. Na edição deste ano, houve duas mulheres trans em competição: Marina e a holandesa Rikkie Valerie Kollé.

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“Orgulho em ser a primeira mulher trans a competir pelo título de Miss Universo Portugal”, escreveu Marina nas redes sociais no mês passado, antes de fazer história como a primeira mulher trans a vencer o Miss Portugal — concurso nacional que dá acesso à competição internacional. “Durante vários anos não me foi possível participar e hoje orgulho-me de fazer parte deste incrível grupo de finalistas.”

Miss Universo escolhida este sábado. Marina Machete desfilou com traje alusivo à República

Se a conquista foi celebrada pelos que há muito apelam à diversidade neste género de certames, também foi duramente criticada por outros. O tema ganhou dimensão nacional ao ser catapultado para o espaço de comentário do Jornal Nacional, na TVI. Em direto, o comentador Miguel Sousa Tavares indagou o jornalista José Alberto Carvalho sobre se este contrairia matrimónio com Marina Machete. O comentador prosseguiu argumentando que Marina Machete “não é uma mulher”, mas uma sucessão de contributos da “cirurgia plástica” e da “medicina molecular”. O momento seria massivamente partilhado nas redes sociais. O jornalista acabou por pedir desculpas, publicamente, pelas palavras que teceu. Já o comentador não o fez e, em resposta à polémica, disse estar “do lado da maioria”.