“Não aceitamos a covardia que foi feita com o povo trabalhador brasileiro, nós que contribuímos muito para o funcionamento do país, não podemos ser mais tratados como lixo”, pode ler-se no grupo de camionistas (“Caminhoneiros e Agro”), que, criado no Telegram, na madrugada de segunda-feira (hora local), 31 de outubro, conta, à data, com mais de 3.500 membros. A frase final deixa claro o objetivo: “Vamos parar o Brasil inteiro e fazer o maior protesto da história desse planeta”.
Camionistas de várias cidades e Estados brasileiros têm estado a organizar-se e a sair à rua com o intuito de bloquear estradas por todo o país, mostram vários vídeos publicados nesta rede social e também no Twitter.
Segundo estas imagens, diz o jornal Folha de São Paulo, há estradas cortadas nas cidades do Paraná, Mato Grosso, Santa Catarina e Bahia. Pedem um golpe de Estado e apelam à intervenção militar (apelando ao número 142 da Constituição Federal brasileira, como tem sido frequente entre os pró-bolsonaristas), ao recusar os resultados que colocam Lula da Silva, de novo, na presidência — 12 anos depois, a figura do Partido Trabalhista volta para cumprir um terceiro mandato, após ter derrotado Jair Bolsonaro na segunda volta das eleições, a 30 de outubro, domingo.
Recorde-se que, na eleição de 2018, os camionistas foram uma importante base de apoio para a eleição de Jair Bolsonaro — várias horas depois, ainda não reconheceu a vitória do adversário.
https://twitter.com/defendomypatria/status/1586915980504178688
https://twitter.com/Lucasra30068072/status/1586924376783572992
“Não tem político nenhum que vai chegar perto de nós e [dizer] ‘oh, vocês não podem pedir intervenção militar ou qualquer coisa. Nós só saímos das ruas na hora que o Exército tomar o país“, diz um homem, num vídeo amplamente partilhado nas redes — vestindo uma T-shirt com a bandeira brasileira, onde se lê “Patriota”, afirma ainda que as manifestações já chegaram a cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Criciúma, Joinville ou Curitiba.
https://twitter.com/caminhoneiro07/status/1586891054070087687?ref_src=twsrc%5Etfw%7Ctwcamp%5Etweetembed%7Ctwterm%5E1586891054070087687%7Ctwgr%5Eadd33f9533c76231de717a62c4df3f562969656b%7Ctwcon%5Es1_&ref_url=https%3A%2F%2Fwww1.folha.uol.com.br%2Fmercado%2F2022%2F10%2Fvideos-mostram-protestos-de-caminhoneiros-bolsonaristas.shtml
“Vamos parar o Brasil. Chega de sermos burros”, diz agora uma mulher, noutro vídeo partilhado no Twitter. “Acabou de terminar agora a apuração [dos votos]. O povo brasileiro sabe que sofreu um duro golpe, e nós não vamos aceitar. O povo está fechando tudo”, diz um homem, na mesma gravação.
https://twitter.com/bielconnkkk/status/1586880720005382144?ref_src=twsrc%5Etfw%7Ctwcamp%5Etweetembed%7Ctwterm%5E1586880720005382144%7Ctwgr%5Eadd33f9533c76231de717a62c4df3f562969656b%7Ctwcon%5Es1_&ref_url=https%3A%2F%2Fwww1.folha.uol.com.br%2Fmercado%2F2022%2F10%2Fvideos-mostram-protestos-de-caminhoneiros-bolsonaristas.shtml
De acordo com o site UOL, a concessionária Rota do Oeste, responsável pela BR-163, confirmou o bloqueio de quatro trechos desta estrada no Estado do Mato Grosso— Nova Mutum, quilómetro 594, sentido sul; Lucas do Rio Verde, no quilómetros 691; Sorriso, no quilómetro 746; e Sinop, no km 835. Também uma parte, nos dois sentidos, de um trecho da estrada que liga São Paulo ao Rio de Janeiro — a Via Dutra — foi bloqueado, noticia o Estadão. Aqui, o protesto terá começado pelas 1h51.
Vamos pras ruas apoiar os caminhoneiros! Vamos mostrar quem é a maioria de verdade nesse país ???????????????????????? #VamosPararOBrasil https://t.co/UFYC2bqtry
— Carol (@carolina_____m) October 31, 2022
tô há coisa de uma hora e meia parado na Dutra por causa do protesto dos caminhoneiros.
infelizmente a esperança que tava sentindo ontem tá se esvaindo, vão ser dias muito duros ainda
— erique (@marsinfurs) October 31, 2022
Lula da Silva venceu Jair Bolsonaro naquela que é descrita a eleição mais renhida do Brasil: o líder do PT venceu com 50,90% dos votos — Bolsonaro obteve 49,10%. A vitória e derrota representam, cada um, um momento inédito: é a primeira vez que um chefe de Estado brasileiro cumpre um terceiro mandato — e a primeira vez que um Presidente não é reeleito.