A Câmara Municipal de Loures, no distrito de Lisboa, aprovou esta quarta-feira, por maioria, o memorando de entendimento para a realização da Jornada Mundial da Juventude (JMJLisboa2023), em que prevê investir cerca de nove milhões de euros.
O documento que descreve as responsabilidades que o município de Loures terá na realização da JMJLisboa2023 foi aprovado em reunião do executivo camarário, com os votos favoráveis do PS, PSD e Chega e com a abstenção da CDU.
A JMJLisboa2023 vai realizar-se entre 1 e 6 de agosto de 2023 na zona do Parque do Tejo e do Trancão, em terrenos dos municípios de Loures e de Lisboa.
No final da reunião, em declarações à agência Lusa, o presidente da Câmara Municipal de Loures, Ricardo Leão, explicou que a decisão de levar este memorando a reunião do executivo “era facultativa”.
Não há nenhuma obrigatoriedade deste memorando ter de ir à reunião de Câmara. Eu achei por bem levá-lo, até para comprometer a Câmara. Ainda não estão valores em concreto, do ponto de vista financeiro, mas achei bem levá-lo. Este memorando vem dar forma clara às responsabilidades de cada um”, apontou.
No caso da Câmara de Loures, Ricardo Leão estima um investimento que pode ir até aos nove milhões de euros, sendo que para o concretizar a autarquia irá recorrer a um empréstimo bancário, que não contará para o endividamento do município.
“Serão obviamente concretizados por empréstimo bancário, que não funciona para a capacidade de endividamento da Câmara para a concretização desse investimento. Aliás, essa foi uma das primeiras reivindicações que tive junto do Governo, pois eu não conseguiria com orçamento próprio”, sublinhou.
Além da Câmara Municipal de Loures, o memorando de entendimento, a que a agência Lusa teve acesso, envolve os municípios de Lisboa e de Oeiras, o Comité Organizador Local (COL — Igreja) e o Grupo de Projeto para a JMLLisboa2023 (em representação do Governo).
De acordo com o documento, a Câmara Municipal de Loures será responsável, entre outras coisas, pela execução do encontro da Ponte ciclopedonal (Loures-Lisboa), com os custos da ancoragem e assentamento do projeto, modelação do terreno, plano de drenagem e a execução de passagens hidráulicas e acessos e mobilidade.
“Aquilo que neste momento já estou a projetar é logo a seguir à Jornada Mundial da Juventude apresentar um projeto para aquilo que penso deve ser o futuro parque verde e aí ter um conjunto de equipamentos de fruição, equipamentos desportivos, de restauração, para que de facto consigamos agarrar esta oportunidade e devolver um espaço que deveria há muito já estar devolvido à população”, sublinhou.
A esse propósito, Ricardo Leão referiu a importância da retirada dos contentores do Complexo Logístico da Bobadela, cujo destino ainda está por definir.
Em março, a Infraestruturas de Portugal (IP) identificou cinco possíveis localizações para deslocalizar definitivamente, em 2026, os terminais de contentores de Loures, atualmente instalados no local onde se realizará no próximo ano a Jornada Mundial da Juventude.
Castanheira do Ribatejo (concelho de Vila Franca de Xira), Carregado (Alenquer), Rio Maior, Barreiro e Poceirão são as cinco possíveis localizações identificadas pela IP para passar a acolher, a partir de 2026, os terminais de contentores.
Durante a discussão do documento na reunião de Câmara de Loures, tanto a CDU como o Chega manifestaram a sua apreensão relativamente à demora no acerto do memorando entre todos os intervenientes.
Os comunistas, através do vereador Tiago Matias, criticaram a ausência de uma avaliação financeira, as dificuldades de articulação entre as entidades e a incerteza relativamente à deslocalização do terminal de contentores.
Também o Chega, pelo vereador Bruno Nunes, manifestou apreensão pelos atrasos na definição do papel de cada um dos intervenientes.
Há cerca de um mês, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), adiantou que o investimento da autarquia “pode ir até aos 35 milhões de euros”.
Em 13 de outubro, o gabinete da ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares adiantou que o Governo estima gastar 36,5 milhões de euros na organização da JMJ.
A JMJ é o maior evento organizado pela Igreja Católica, tendo o anúncio da escolha de Lisboa para receber esta edição sido feito em 27 de janeiro de 2019, na Cidade do Panamá.
Inicialmente prevista para agosto de 2022, a pandemia de Covid-19 determinou o adiamento da JMJ um ano.
Portugal será o segundo país lusófono, depois de o Brasil, a acolher uma Jornada Mundial da Juventude, criada em 1985 pelo Papa João Paulo II (1920-2005).
O Papa Francisco é esperado em Portugal, no verão de 2023, para o encerramento da JMJ.