Os estudantes que fecharam esta segunda-feira a cadeado o Liceu Camões, em Lisboa, em protesto contra as alterações climáticas há uma semana, aceitaram que a escola retome o normal funcionamento na terça-feira, anunciou o diretor, informação entretanto confirmada pelo movimento.

Em declarações aos jornalistas junto àquela Escola Secundária, o diretor do Liceu Camões, João Jaime Pires, adiantou que houve uma reunião esta segunda-feira de manhã em que ficou decidido que a escola voltará a funcionar normalmente a partir de terça-feira e que fica desta forma aberto o compromisso, por parte da direção, para que o tema das alterações climáticas e do combate aos combustíveis fósseis seja debatido em ambiente escolar.

Inês Esteves, uma das porta-vozes da Greve Climática Estudantil,  detrás do protesto integrado no movimento internacional “End Fossil: Occupy!”, confirmou que os alunos aceitaram suspender a ocupação da escola a partir de terça-feira e que irão permanecer no liceu até à meia-noite de segunda-feira.

A ativista confirmou que o movimento já foi contactado pelo Ministério da Economia e do Mar e afirmou que os estudantes estão disponíveis para se reunir com o ministro António Costa Silva.

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Questionada esta segunda-feira pela agência Lusa, uma fonte do ministério afirmou que o gabinete vai falar com o movimento ainda hoje “para se marcar reunião a realizar no Ministério”.

Ministro da Economia, que diz sempre ter sido “defensor das energias renováveis”, disponível para ouvir ativistas de movimentos climáticos

“Os ativistas fecharam os dois portões do Liceu Camões encontrando-se estes do lado de dentro e do lado de fora da escola. O protesto está a decorrer de forma calma e ordeira”, disse uma fonte do Comando Metropolitano da PSP de Lisboa.

Em declarações à Lusa, Inês Esteves disse que os ativistas voltaram a fechar os portões da escola cerca das 7h00. “Estamos barricados. Ninguém entra e ninguém sai do Liceu desde as 7h00 de hoje”, disse a ativista climática, apesar de se verem escadas colocadas junto as grades por onde sobem alunos enquanto outros galgam mesmo as grades, ora para dentro, ora para fora.

Apesar de nos outros cinco estabelecimentos de ensino que também estiveram em protesto na semana passada a ocupação ter terminado, os estudantes mostram-se solidários com o que está a acontecer no Liceu Camões. Muitos deslocaram-se para a escola secundária para prosseguir com os protestos ao lado dos colegas. “Estamos neste momento na Camões a apoiar a “Ocupa!” daqui”, diz Raquel Alcobia, da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, ao Observador, do outro lado do telefone. “Depois vamos ao tribunal apoiar as detidas da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa”, acrescenta.

Também os manifestantes da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa marcam a sua presença no Liceu Camões. “Vamos estar nas frentes que pudermos”, diz Diogo Monteiro, um dos alunos que ocupou a FCUL na semana passada, destacando o balanço positivo das ações de protesto. “Foi uma pequena semente que foi plantada e precisamos de a germinar”, afirma.

Pelas escolas e faculdades, já se fala em realizar uma nova “Ocupa!” na primavera, em que os alunos prometem estar “ainda mais fortes”.