Muita chuva já a partir de amanhã, com alertas para cheias. E o frio a começar a apertar e a pedir agasalhos dos quentes, a partir de sexta-feira. Será assim esta terceira semana de novembro. Primeiro a culpa é de várias frentes frontais, que vêm carregadinhas de água para bem da seca que se faz sentir no país, e que atravessarão a Península Ibérica até quinta-feira. E depois de uma massa de ar frio polar que chegará sexta e que fará cair bastante as temperaturas, que ficarão mais perto dos valores que já devíamos estar a sentir nesta época: sábado, aliás, deverá ser o dia mais frio deste ano.

Começando pela chuva, a partir desta terça-feira ela começará a fazer-se sentir em praticamente todo o país. Mas será bem forte primeiro a norte, depois na região centro, incluindo no distrito de Lisboa, e ao fim da tarde no Alentejo. Apenas no Algarve se deverá resumir a aguaceiros. A Proteção Civil já alertou para a possibilidade de cheias rápidas e o IPMA emitiu amarelos devido à chuva e ao vento forte e por causa da agitação marítima para vários distritos: Lisboa, Santarém, Leiria, Coimbra, Viseu, Aveiro, Porto, Vila Real, Braga e Viana do Castelo nesta quarta e para toda a costa na quinta. A chuva persistente e forte deve manter-se, ainda que intermitente, na quarta-feira e quinta-feira, à medida que as superfícies frontais vão atravessando a Península Ibérica.

Proteção Civil alerta população para previsões de chuva que podem causar cheias

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Segundo a Proteção Civil, será a acumulação de chuva nestas próximas 72 horas que poderá fazer com que os caudais dos rios Minho, Lima, Cávado, Ave, Tâmega, Paiva, Vouga, Mondego e Douro transbordem, ou que haja variações significativas dos seus níveis em zonas historicamente mais vulneráveis. Além das inundações em zonas urbanas, podem acontecer também deslizamentos e derrocadas devido à infiltração da água facilitada pelos incêndios, bem como o arrastamento para as estradas de objetos soltos ou o desprendimento de estruturas móveis ou mal fixadas por causa do vento forte. Daí os avisos também para ainda maior cuidado a quem anda na estrada.

Em termos meteorológicos, o que acontece é que há um sistema de altas pressões que se fixou sobre a Escandinávia que fez com que as tempestades e os seus sistemas frontais associados se deslocassem mais para sul, abrindo um corredor oeste para se moverem. É por lá que estão a transportar este fluxo muito húmido do Atlântico que vai afetar a Península Ibérica, causando um cenário ideal para chuvas abundantes como os das últimas semanas em várias regiões do país, mas especialmente a norte e centro. Há condições para que se forme mesmo uma nova tempestade: caso aconteça, chamar-se-á Denise.

Depois da chuva, o frio

A chuva vem tocada a vento forte. O vento, sobretudo junto à costa e nas terras altas, fará com que a sensação térmica ‘arrefeça’ o ar, mas as temperaturas máximas vão manter-se ainda amenas até ao final da semana, já que nos mantemos sob influência de uma massa de ar tropical marítima. Só a partir de sexta-feira é que o cenário muda mesmo e muito. Uma reviravolta de 180 graus. Devido à entrada na Península de uma massa de ar frio polar haverá uma descida de pelo menos dois ou três graus nas temperaturas máximas e ainda maiores nas mínimas, tornando sexta e sábado dias especialmente gélidos, até porque ao frio se soma alguma chuva e vento norte. Seguramente teremos a primeira neve a cair em alguns locais.

Os atuais 19ºC/20ºC de Lisboa, por exemplo, deverão passar a 16º/17ºC, o Porto já não deve ir além dos 14º/15ºC, tal como Braga. Já em Bragança, no interior norte, os termómetros devem ficar entre os 10ºC de máxima e os 5ºC de mínima, enquanto a Guarda estará ainda mais fria, entre os 0º e os 8ºC, já com neve na Serra da Estrela. No Alentejo, só as noites é que deverão ser já bastante desconfortáveis (7º/8º graus) e mesmo o Algarve não deverá escapar a este aproximar do Natal (9ºC graus à noite, 19ºC de dia).

Serão dias típicos do final de outono, ainda que o IPMA afirme que continuamos 2º a 3º acima do habitual para esta época do ano.

Os Açores e a Madeira não serão afetados pelo tempo chuvoso e frio do continente, sendo que na Madeira até vai parecer verão, com máximas de 26ºC.