A Turquia rejeitou esta segunda-feira as condolências dos Estados Unidos pelo atentado de domingo em Istambul, que provocou seis mortos e 81 feridos, alegando que Washington apoia os curdos que Ancara responsabilizou pelo ataque.

“Não aceitamos, rejeitamos as condolências dos Estados Unidos. A nossa aliança com um Estado que mantém Kobane e bolsas de terror (…) deve ser debatida”, disse o ministro do Interior turco, Suleyman Soylu, citado pela agência francesa AFP.

O ministro turco referia-se à cidade de Kobane, no nordeste da Síria, onde as forças curdas apoiadas pela coligação ocidental derrotaram o grupo jihadista Estado Islâmico em 2015.

A cidade é controlada pelas Forças Democráticas Sírias (SDF), que integram as Unidades de Proteção Popular (YPG), aliadas do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), dois grupos considerados terroristas pela Turquia.

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Governo turco acusa curdos do PKK de ataque que fez seis mortos em Istambul

Na sua mensagem de condolências, os Estados Unidos condenaram veemente o “ato de violência” em Istambul.

“Estamos ombro a ombro com o nosso aliado da NATO [Turquia] na luta contra o terrorismo”, acrescentou a Casa Branca, segundo a agência norte-americana AP.

As autoridades turcas acusaram o PKK de responsabilidade pelo atentado e detiveram uma mulher suspeita de ter colocado a bomba na Avenida Istikal, no centro de Istambul, a maior cidade turca.

“A pessoa responsável [pelo atentado] é aquela que fornece informações internas ao PKK. Não há necessidade de discutir os peões”, disse o ministro do Interior.

A polícia turca anunciou neste dia que a mulher detida tem nacionalidade síria.

De acordo com a polícia, a suspeita admitiu os factos e que agiu “sob as ordens do PKK“, tendo recebido instruções nesse sentido em Kobane.

A polícia disse que a suspeita entrou ilegalmente na Turquia via Afrin, uma cidade no nordeste da Síria.

A Turquia acusa regularmente os Estados Unidos e outros países ocidentais de protegerem os combatentes curdos do PKK e as YPG.

A Suécia e a Finlândia – embora em menor grau em relação a Helsínquia – estão entre os países ocidentais visados pelas críticas da Turquia.

Ancara ainda não aprovou a adesão dos dois estados nórdicos à NATO, precisamente por exigir o fim do apoio a militantes curdos.

O novo primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson, visitou a Turquia na semana passada para tentar assegurar ao Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, que a coligação governamental de direita que lidera vai combater as ameaças terroristas contra Ancara.

“O meu Governo foi eleito há apenas algumas semanas, com um mandato para colocar a lei e a ordem em primeiro lugar. E isto inclui a luta contra o terrorismo e organizações terroristas como o PKK na Suécia“, disse Kristersson na terça-feira, durante uma conferência de imprensa conjunta com Erdogan.

A Suécia e a Finlândia abandonaram a sua política de não alinhamento militar de longa data e candidataram-se à NATO na sequência da guerra na Ucrânia, desencadeada pela invasão russa de 24 de fevereiro deste ano.

Secretário-geral da NATO exorta Turquia a aprovar adesão da Finlândia e da Suécia

Os dois países partilham fronteiras terrestres ou marítimas com a Rússia e temem vir a tornar-se um alvo de Moscovo.

A entrada da Suécia e da Finlândia na Aliança Atlântica, como de qualquer outro candidato, carece da aprovação de cada um dos atuais 30 países-membros da NATO, a que a Turquia aderiu em 1952, três anos depois da fundação da organização.

O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, manifestou a solidariedade da Aliança Atlântica com a Turquia, numa mensagem que divulgou pouco depois do atentado de domingo.