Na segunda-feira, o New York Times avançou que a Amazon ia começar esta semana a despedir cerca de 10 mil pessoas – a maior onda de despedimentos da história da empresa. Há alguns dias, a redução ficou confirmada, com a gigante de comércio eletrónico a enviar os primeiros avisos aos empregados afetados.

Amazon prepara despedimento de cerca de 10 mil pessoas, avança NYT

Nas primeiras declarações públicas após o início da redução de trabalhadores, Andy Jassy, o CEO da Amazon, deixou claro que ainda há planos para novos cortes em 2023. A comunicação foi feita aos empregados da Amazon, mas entretanto tornada pública e citada por vários jornais.

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“Estou neste papel [de CEO] há cerca de um ano e meio e, sem dúvida, esta é a decisão mais difícil que já tive de tomar”, transmitiu Andy Jassy, numa nota divulgada ao final da noite desta quinta-feira. “Nem eu nem os líderes que tomam estas decisões pensam que estão só a eliminar papéis, mas sim pessoas com emoções, ambições e responsabilidades, que vão ser afetadas por esta decisão.”

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Na mensagem, a primeira desde que foram conhecidos os despedimentos, Andy Jassy relatou que “os líderes em toda a empresa estão a trabalhar com as suas equipas e a olhar para os níveis dos seus trabalhadores, para os investimentos que têm de fazer no futuro e a dar prioridade àquilo que importa mais para os clientes e para a saúde a longo prazo do negócio.” E, na mesma nota, Jassy explicou que a “análise deste ano é a mais difícil pelo facto de a economia continuar a estar num ponto desafiante” e pelas “rápidas contratações” feitas pela empresa ao longo dos últimos anos.

Devido às condições económicas – a Amazon tem dito em várias ocasiões que está a ser bastante pressionada pela inflação e pelos aumentos de custos, principalmente da energia – os despedimentos deverão continuar em 2023. “O nosso planeamento anual estende-se até ao novo ano, o que significa que haverá mais reduções [de postos de trabalho] à medida que a liderança continua a fazer ajustamentos.” Andy Jassy disse que as decisões sobre estas reduções “serão partilhadas com os trabalhadores e organizações afetadas no início de 2023”.

As despesas da Amazon têm crescido significativamente. Até setembro, a empresa apresentou um total de despesas operacionais de 355,3 mil milhões de dólares, um aumento de 14% em termos homólogos. Nesse sentido, a empresa tem posto em prática um plano de redução de custos, que ainda antes de incluir despedimentos já contava com o congelamento das contratações e o encerramento de alguns programas mais experimentais.

De acordo com os últimos números apresentados pela empresa, a Amazon tinha no final de setembro cerca de 1,5 milhões de empregados a tempo inteiro e a tempo parcial, ficando de fora os prestadores de serviços.

A comunicação de Andy Jassy deixa de fora o número concreto de trabalhadores que vão ser afetados por este redução. De acordo com o Wall Street Journal, o número redondo de 10 mil empregados corresponde a cerca de 3% da força de trabalho mais corporativa da companhia. O jornal avança ainda que, até ao momento, já há despedimentos entre as equipas do serviço de jogos em streaming Luna, na área de marketing da Alexa e ainda na área de inteligência artificial da assistente digital.

O setor tecnológico tem sido notícia por despedimentos de larga escala ao longo das últimas semanas. O Twitter, que continua em ebulição, despediu cerca de metade dos 7.500 empregados. Já a Meta, que controla o Facebook, anunciou uma redução de 13% dos trabalhadores, o equivalente a 11 mil pessoas, naquela que foi a primeira vaga de despedimentos em 18 anos de história da companhia.

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Entre as big tech, a Google continua a “escapar” a esta tendência. Ainda assim, durante o verão foi noticiado um congelamento das contratações e, já no final de setembro, Sundar Pichai, o CEO da Google, transmitiu que a empresa precisa de ser “20% mais produtiva” no atual ambiente macroeconómico.

No entanto, alguns analistas e investidores já apontam para a necessidade de também a Google reduzir a sua força de trabalho. Numa carta dirigida a Sundar Pichai, o fundo TCI, que controla uma participação de cerca de 0,27% na Alphabet (dona da Google), avaliada em 6 mil milhões de dólares, pediu à empresa uma “ação agressiva” para reduzir trabalhadores e despesas com salários.

De acordo com a CNBC, na carta é possível ler que “as conversas com antigos executivos sugerem que o negócio poderia ser operado de forma mais eficaz com significativamente menos empregados”.

Do lado dos analistas, Mark Shmulik, da Bernstein, partilhou com os clientes uma nota onde admite que “a Google provavelmente vai perceber que é difícil reduzir o crescimento do número de trabalhadores até níveis abaixo do crescimento das receitas sem ações mais drásticas”, cita a Business Insider.

No terceiro trimestre, a Google contratou mais 12 mil pessoas, o que reflete um aumento de 24% em termos homólogos. As receitas, que chegaram aos 69,1 mil milhões de dólares, tiveram um crescimento mais modesto, de 6% em termos homólogos.

Até ao final de setembro, a Google tinha 186,7 mil empregados, contra os 150 mil em setembro de 2021.

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