O parlamento vai debater várias propostas de alteração à Constituição sobre as Forças Armadas, com o PSD a propor que a Defesa atue contra ameaças internas, e não apenas externas, e o PCP a incluir no texto os antigos combatentes.

PS, Iniciativa Liberal e Livre são os únicos partidos cujos projetos de revisão constitucional não mexem na área da Defesa. Os restantes cinco partidos propõem algumas mudanças neste âmbito.

No artigo 273.º, o qual estabelece que “a Defesa Nacional tem por objetivos garantir, no respeito da ordem constitucional, das instituições democráticas e das convenções internacionais, a independência nacional, a integridade do território e a liberdade e a segurança das populações contra qualquer agressão ou ameaça”, o PSD quer acrescentar a expressão: “que se projete no espaço nacional”.

Os sociais-democratas pretendem “esclarecer que a Defesa Nacional tem como finalidade a garantia contra qualquer agressão ou ameaça que se projete no espaço nacional (e não apenas ameaças externas)”, como explicam na exposição de motivos do projeto.

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Já no artigo 275.º, sobre as Forças Armadas, o PSD reorganiza algumas alíneas estabelecendo que cabe aos militares “a defesa militar da República”, “a satisfação dos compromissos externos do Estado Português no âmbito militar” e “a participação em missões humanitárias e de paz assumidas pelas organizações internacionais de que Portugal faça parte”.

Neste ponto o PSD inclui também “a participação em missões externas para proteção dos interesses nacionais e de cooperação técnico-militar no âmbito da política nacional de cooperação” e a “execução de missões relacionadas com a proteção civil, a satisfação de necessidades básicas e a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos”.

O PCP é o partido que mais altera artigos relacionados com a Defesa, chegando até a criar um novo dedicado aos antigos combatentes e deficientes militares, no qual é estabelecido que estes “têm direito ao reconhecimento por parte do Estado”.

“Compete ao Estado definir os acréscimos de pensões e os demais direitos de natureza económica e social, necessários para garantir a dignidade das condições de vida dos antigos combatentes e seus familiares através do estatuto do antigo combatente a aprovar por lei”, lê-se no projeto.

No artigo 135.º, sobre competência nas relações internacionais, o PCP quer estabelecer que o Presidente da República autoriza “o envolvimento das Forças Armadas em missões fora do território nacional” e no artigo 197.º os comunistas defendem que o Governo deve “submeter à aprovação da Assembleia da República as propostas de envolvimento” de militares em missões no estrangeiro.

Quanto à competência política e legislativa (161.º), o PCP estabelece que a Assembleia da República passa a pronunciar-se, sob proposta do Governo, sobre este tipo de missões mas não só: os comunistas querem consagrar que o parlamento aprova “as Grandes Opções do Conceito Estratégico de Defesa Nacional” bem como “as Grandes Opções da Política de Segurança Interna”.

O PCP quer ainda consagrar na lei fundamental que “as despesas de investimento a efetuar pelo Estado com vista ao cumprimento eficaz das missões das Forças Armadas constarão de Lei de Programação Militar e de Lei de Programação das Infraestruturas Militares, a aprovar pela Assembleia da República”.

Os comunistas propõem que o parlamento eleja cinco vogais do Conselho Superior de Defesa Nacional e querem eliminar “a possibilidade de aplicação de prisão disciplinar aos militares em tempo de paz e fora de missões militares”.

O BE também propõe que a Assembleia da República e a Comissão Permanente passem a autorizar, “nos termos expeditos que a lei determine, o envolvimento de contingentes militares e de forças de segurança no estrangeiro“.

Já o Chega quer incluir na lei fundamental que “o serviço militar deve ser promovido e criadas condições de atratividade para o ingresso nas Forças Armadas, nos termos da lei”.

O PAN propõe que as Forças Armadas possam ser incumbidas de colaborar “em tarefas relacionadas com a proteção do ambiente e da biodiversidade”.