Sexta-feira chegou com uma incerteza: o Twitter vai aguentar até ao final do dia? Ou com a saída de milhares de empregados o crash está iminente? Os adeptos da rede social começaram a partilhar todo o tipo de mêmes sobre o assunto logo às primeiras horas da manhã. As imagens de funerais e cemitérios alimentavam nos murais, e a maioria dos internautas tinha 140 caracteres para escrever relacionados com a hashtag #RIPTwitter. Um deles foi Mayank Bidawatka, empreendedor indiano, e criador do Koo, a rede social para onde muitos utilizadores do Twitter estão a migrar.
— Elon Musk (@elonmusk) November 18, 2022
Aproveitando a onda, e apesar de se dizer triste com tudo o que está a acontecer, Bidawatka deixou o recado: “Contrataremos alguns dos antigos funcionários do Twitter à medida que nos vamos expandindo.”
A empresa, como muitas outras do setor, fez despedimentos recentemente e cortou cerca de 5% dos funcionários (15 em 300) em agosto, mas o empresário alegou que tinha a ver com o baixo desempenho de algumas pessoas, estando a contratar noutras áreas.
Very sad to see #RIPTwitter and related # to this going down.
We'll hire some of these Twitter ex-employees as we keep expanding and raise our larger, next round.
They deserve to work where their talent is valued. Micro-blogging is about people power. Not suppression.
— Mayank Bidawatka (@mayankbidawatka) November 18, 2022
“Eles [os antigos funcionários do Twitter] merecem trabalhar onde o seu talento é valorizado”, acrescentou Bidawatka. No mesmo dia, o empresário anunciou que a sua empresa — que já passou os 50 milhões de downloads — está a criar um botão de migração para facilitar a transição do Twitter para o Koo.
Musk fez ultimato, mas jogada correu-lhe mal
A história entre o multimilionário Elon Musk e o Twitter arrasta-se há meses. Quando o negócio foi finalmente firmado, e o fundador da Tesla comprou a rede social, começou a catadupa de polémicas. No que diz respeito aos trabalhadores da empresa, Musk começou por pôr fim ao teletrabalho e despediu cerca de 3.700 pessoas.
Antes do despedimento coletivo, no final de outubro, trabalhavam no Twitter 7.500 funcionários.
Esta semana, Musk fez uma nova exigência aos poucos que restavam: “Trabalhar longas horas, a alta intensidade”, ou juntar-se ao despedimento coletivo. A quem saísse oferecia três meses de ordenado, mais de metade do que é legalmente exigido nos Estados Unidos.
Elon Musk pede a colaboradores do Twitter que trabalhem “longas horas” ou que abandonem empresa
A imprensa norte-americana, como o New York Times, avança que cerca de 1.200 trabalhadores preferiram abandonar a empresa, deixando o Twitter com 2.800 pessoas para garantir que tudo funciona de forma bem oleada.
Esse é o problema. Foi no próprio Twitter — e em declarações sob anonimato à imprensa —, que muitos funcionários previram que, num futuro próximo, e assim que surgir o primeiro problema, a rede social não aguentará e entra em crash. Tudo por falta de mão de obra para resolver os problemas.
Peter Clowes é um desses funcionários que disse não estar interessado em trabalhar num Twitter 2.0, versão hardcore. O despedimento, escreve, já era esperado e teria acontecido mesmo com a anterior administração, acredita o engenheiro, embora Musk tenha ido longe de mais.
Why I left @twitter or rather why I did not sign up for “extremely hardcore” Twitter 2.0
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— Peter Clowes (@peterclowes) November 18, 2022
“Obviamente, um corte de 50% é difícil, mas o meu departamento foi cortado em 85% na primeira rodada. (Um erro admitido quando tentaram reter os que ficaram)”, escreveu, esclarecendo que foi o último a ficar, mas optou pela saída. Outro exemplo, avançado pelo NYT, é o da equipe de serviços centrais reduzida de 100 para 4 pessoas.
E qual a posição de Elon Musk? “As melhores pessoas vão ficar, por isso não estou muito preocupado”, escreveu no Twitter, na noite de quinta-feira.