Marcelo Rebelo de Sousa reafirma: vai participar na quinta-feira num debate sobre educação no Qatar, à margem da sua visita ao país para apoiar a Seleção Portuguesa no Mundial de futebol, e vai falar sobre direitos humanos num país que tem vindo a ser criticado precisamente por os desrespeitar.

A garantia foi novamente dada em declarações aos jornalistas, em Leiria, transmitidas pela SIC Notícias. Questionado sobre a relevância da sua ida ao Qatar (por oposição, por exemplo, a apoiar a Seleção à distância), Marcelo apontou:

É completamente diferente apoiar lá e lá dizer o que se pensa sobre a situação política lá. Eu intervenho num debate sobre educação e um dos pontos fundamentais da educação é direitos humanos. Portanto, naturalmente, eu depois de manhã estarei a falar de direitos humanos no Catar”.

Antes destas declarações, Marcelo já havia revelado, na passada sexta-feira (citado  pela Lusa), que tinha sido “convidado por fundações privadas, uma das quais a Aga Khan, para falar num tema sobre o futuro, a educação e o futuro das sociedades”. E já deixara pistas sobre o que poderia ser a sua intervenção: “É muito difícil falar do futuro das sociedades sem falar da democracia, dos direitos humanos e da liberdade”.

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Marcelo fora mesmo mais longe na altura, dizendo que se “em território português” falara da “situação dos direitos humanos no Qatar”, no “território do país” que visitaria planeava abordar a “situação dos direitos humanos”. Acrescentara: “É o que tenho feito. Fiz isso noutros países que não têm regimes democráticos e com os quais mantemos relações diplomáticas. Os meus antecessores fizeram o mesmo”.

“Havendo esse certame, as autoridades portuguesas devem lá estar”

O Presidente da República reagia esta terça-feira à votação no Parlamento que o autorizou a ir ao Qatar apoiar a Seleção portuguesa de futebol. O resultado dessa votação “terá o sentido” que lhe quiser atribuir, apontou, notando que “os votos contra foram obviamente de conteúdo, não foram formais”.

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O Presidente da República recordou ainda que anteriormente já se deslocou a vários países “com votos contra” (minoritários) de deputados. E afirmou que é “evidente” que a Seleção portuguesa de futebol é uma “forma de projeção de interesse nacional tão forte, tão forte” que tem como capitão uma das pessoas “mais conhecidas do mundo”.

Considerando que Portugal está representado por embaixadores nacionais “muito qualificados” no Mundial, Marcelo salientou que a “Seleção portuguesa tem uma visibilidade e um peso internacional óbvio”.

Nas suas declarações aos jornalistas, o Presidente da República lembrou ainda que quando a organização deste Mundial de futebol foi atribuída ao Qatar, em 2010, “era Presidente o Presidente Cavaco Silva e era primeiro-ministro o primeiro-ministro José Sócrates”.

Não houve na altura, nem houve depois, qualquer tipo de posição da comunidade internacional. Havendo esse certame de projeção importante para Portugal, as autoridades portuguesas devem lá estar”, defendeu.

Marcelo Rebelo de Sousa defendeu ainda que “não é a orientação da política externa portuguesa” visitar apenas países com democracias ou que respeitem os direitos humanos. “A maioria dos Estados do mundo, a esmagadora maioria, não é democrata”, acrescentou.

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