Após soarem os últimos acordes dos hinos de Alemanha e Japão antes do jogo do grupo E do Mundial do Qatar, os onzes iniciais de cada equipa posaram para os fotógrafos presentes no Estádio Khalifa. Ao contrário dos sorrisos habituais, os jogadores alemães taparam a boca em sinal de protesto. Nos últimos dias, a FIFA proibiu os capitães de países como Alemanha, Países Baixos, Suíça, Inglaterra, Bélgica, País de Gales e Dinamarca de usarem a braçadeira arco-íris com a inscrição ‘One Love’ de apoio à comunidade LGBTQ+, ameaçando os jogadores com sanções. O gesto dos alemães representou um protesto contra os limites à liberdade de expressão. Mas não foi o único.

A FIFA anunciou uma campanha geral denominada ‘No Discrimination’ (Não à discriminação) que também inclui o uso de braçadeiras. Manuel Neur, capitão da Alemanha, entrou em campo com uma delas tapada pela manga esquerda da camisola. Mais tarde, a equipa de arbitragem pediu ao guarda-redes que colocasse o acessório que o distingue dos companheiros por cima do equipamento. Na terça-feira, a federação alemã anunciou ações legais contra a FIFA com o objetivo de ver o impedimento da utilização da braçadeira ‘One Love’ alterado até ao próximo jogo contra a Espanha.

Já no decorrer do jogo, a federação alemã colocou uma mensagem nas redes sociais. “Com a nossa braçadeira de capitão quisemos mostrar os valores que vivemos na seleção: a diversidade e o respeito mútuo. Não se trata de uma mensagem política: os direitos humanos não são negociáveis. Negarem-nos a braçadeira é calarem-nos”, defendeu a DFB.

Na antevisão à partida frente aos nipónicos, o selecionador da Mannschaft, Hansi Flick e o jogador alemão, Joshua Kimmich, foram questionados sobre o tema. O técnico admitiu que “a equipa queria usar a braçadeira ‘One Love’ para marcar uma posição”.

“Acabaram por nos ameaçar com sanções. É um choque para a equipa não podermos fazer isso pelos direitos humano, pela diversidade, pelos valores que defendemos como equipa e como povo. Para mim, o respeito é parte da vida”, contou Hansi Flick.

Já Joshua Kimmich lamentou que os jogadores não pudessem defender os direitos LGBTQ+. “Penso que seria uma grande tomada de posição. Temos que continuar a falar sobre o que se passa no Qatar. Estamos atentos e vamos continuar a falar dos problemas do mundo”, afirmou o jogador do Bayern. No Qatar, as relações homossexuais são proibidas.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR