Quando o Inglaterra-Irão teve 14 minutos de tempo de compensação na primeira parte, muitos pensaram que a lesão do guarda-redes iraniano, Alireza Beiranvand, justificava o número anormal que o quarto árbitro mostrou na placa eletrónica. Quando a segunda parte teve 10 minutos de tempo adicional, percebeu-se que era um padrão que vinha para ficar. Ao todo, no Mundial do Qatar, ao fim de 11 partidas e contando o prolongamento das duas partes de cada jogo, já foram dados minutos de descontos suficientes para ser jogado sensivelmente mais um jogo e meio (132 minutos, considerando o tempo mostrado pelos árbitros, mesmo que alguns jogos tenham ido além disso).

O elevado número de minutos de compensação tem marcado o Mundial do Qatar: muitos adeptos ficaram surpreendidos com os números fora do comum que têm permitido que alguns jogos ultrapassem os 100 minutos. No entanto, existe uma justificação.

Antes do Mundial, o antigo árbitro internacional e atual presidente do Comité de Arbitragem da FIFA, Pierluigi Collina, tinha avisado para o que aí vinha. “Não fiquem surpreendidos se virem o quarto árbitro a levantar o placa eletrónica com grandes números”. A situação surge como resposta à necessidade de aumentar o tempo útil de jogo. “Se querem mais tempo útil de jogo, precisamos de estar prontos para estes tempos adicionais. Pensem num jogo com três golos. Cada celebração dura um minuto e meio. Assim, com três golos marcados, perdem-se cinco ou seis minutos”. Collina, disse ainda que o desejável  é ser o quarto árbitro a indicar o tempo de compensação. “Os árbitros principais estão demasiado focados no que se está a passar no jogo.”

Ao longo do Mundial, os adeptos têm assistido a uma contagem mais rigorosa do tempo perdido. “Se queremos proteger a imagem do jogo devemos calcular o tempo e compensar os minutos perdidos no final de cada parte. Não queremos jogos onde a bola está a rolar apenas em 43, 44 ou 45 minutos”. Esta mudança de paradigma surge numa altura em que muitas vozes se levantam a favor da alteração do tempo de cada partida para 60 minutos cronometrados.

Os 36 árbitros, 69 juízes de linha e 24 VAR’s do Mundial têm regras bem definidas para o campeonato do mundo. Além do controlo efetivo do tempo perdido, existem também indicações para que as equipas de arbitragem sejam rigorosas no capítulo disciplinar e punam rigorosamente entradas agressivas, de modo a proteger os jogadores. Na cabine do VAR, a novidade é a inclusão do sistema semi-automático de deteção de foras de jogo, sendo que um dos três assistentes deste sistema está exclusivamente dedicado à identificação de posições irregulares nos lances de golo.

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