O presidente da Associação de Valorização do Chiado, Victor Silva, mostrou-se confiante em relação às vendas de Natal naquela zona de Lisboa, mas preocupado com o primeiro trimestre de 2023, antevendo que venha a ser difícil.
Em declarações à agência Lusa a propósito das perspetivas de venda para a época natalícia, Victor Silva considerou que o Natal irá correr bem e que as famílias vão manter a tradição de ir ao Chiado passear, ver a iluminação, a decoração das lojas, fazer as suas compras.
“Eu penso que o Natal irá correr bem. Temos tido turismo nesta época do ano e tem compensado. Preocupa-me mais a entrada do ano. Já aconteceu no ano passado que até correu bem [o Natal] e depois em janeiro e fevereiro pioraram. Portanto, preocupa-me o primeiro trimestre”, disse.
O presidente da Associação de Valorização do Chiado lembrou que Lisboa tornou-se um local de oferta turística e há uma dependência do turismo.
“O Chiado e a Baixa são diferentes do resto da cidade. Há aqui pontos onde o turismo se concentra, apesar de nos últimos anos ter havido uma troca, ou seja, somos mais procurados pelo turista estrangeiro e menos procurados pelos portugueses que acabaram por ir para os centros comerciais e houve um afastamento do centro histórico, foi havendo essa substituição”, contou.
Apesar disso, Victor Silva considerou que o Chiado está a transformar-se “num centro comercial ao ar livre”, com o fecho de lojas portuguesas e a ida para aquela zona de marcas internacionais.
“A tendência [no Chiado] tem sido abrir as mesmas marcas dos centros comerciais. Está a ficar um centro comercial a céu aberto. As lojas portuguesas têm desaparecido com muita pena. Têm poucos apoios e não conseguem competir com estas cadeias internacionais que vão ocupando os espaços mesmo que não tenham rentabilidade com os projetos que abrem, mas querem estar no Chiado com imagens de marca”, disse.
No entanto, Victor Silva disse acreditar que há uma tradição e as pessoas continuam e vão continuar a ir ao Chiado.
“O Natal no Chiado é atrativo, são as iluminações, o ambiente. Há uma certa alegria nas pessoas […] e isso não se notou tanto no ano anterior. Agora nota-se a alegria das pessoas a passear, já não estão tão receosas como estavam antes [devido à pandemia de Covid-19]. Há um ambiente atrativo, que é um bom estímulo para as pessoas fazerem compras”, disse.
Quanto ao início do ano, o presidente aconselhou o comércio a preparar-se já para alguma adversidade.
“Temos muita incerteza, temos uma crise, o poder de compra baixou, não sabemos se vai afetar o turismo uma vez que a crise é transversal a toda a Europa […]. O que se aconselha é que o comércio se prepare para alguma adversidade. Tal como as formigas: amealhar no verão para sobreviver no inverno”, sublinhou.
“Já temos a experiência dos últimos anos. Foi difícil passar esse [primeiro] trimestre devido às restrições da pandemia. Este ano, com este cenário macroeconómico não me parece que venha a ser melhor. Preocupa-nos as mazelas que vêm de trás, desde a pandemia, mas para o período natalício temos boas expectativas”, disse.