O Nissan GT-R é um superdesportivo fabuloso, com os japoneses a conseguirem o milagre de conceber um modelo potente, rápido, extremamente eficaz e divertido de conduzir. E, como se isso não bastasse, barato. Se no GT-R há algumas concessões aos custos, como o facto de se utilizar uma carroçaria barata, abundam as soluções tão simples quanto brilhantes, todas elas oriundas da Nismo, a divisão de competição da marca nipónica. E uma delas é o motor, um V6 biturbo com 3,8 litros, que consegue simultaneamente entregar muita potência sem ser muito dispendioso. Uma unidade que poucos (ou nenhum) construtores generalistas, como a Nissan, são capazes de oferecer.

A Praga é uma empresa checa desconhecida para a maioria dos ocidentais, mas produz produtos que vão dos karts aos aviões, monomotores tipo “avionetas”, passando por motos e camiões, como os que servem o exército local e que depois competem em provas como o Dakar. No que respeita aos automóveis, a Praga começou cedo, em 1907, fabricando sob licença os Isotta Fraschini. Mais recentemente, dedicou-se a conceber em pequenas séries modelos de competição, primeiro para troféus monotipo, como o Praga Cup, e mais tarde os R1 e R1R, destinados a clientes desejosos de possuir um carro de competição rápido e eficiente que pudessem utilizar exclusivamente em pista.

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O novo Bohema continua a ser um carro de corrida, concebido para rodar em pista, mas igualmente capaz de ser homologado para circular em estrada. Daí que possua piscas, local para afixar a chapa de matrícula e até um sistema de multimédia, obviamente com navegação, comandos por voz, Spotify e muito mais. É certo que não tem vidro traseiro, o que podia ser um problema para a visibilidade durante as manobras de marcha-atrás, mas a Praga resolveu esta questão ao equipar o modelo com uma câmara traseira instalada no centro do extractor de ar.

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O motor 3.8 V6 biturbo é uma referência, tendo já fornecido, enquanto equipava as diversas versões do Nissan GT-R, potências até 600 cv, referente à versão Nismo. Depois de adquirir os motores à Nissan, a Praga envia-os directamente para Inglaterra, mais precisamente para a Litchfield, que trabalha a mecânica de forma a extrair 700 cv e 724 Nm de binário, entre as 3000 e as 5000 rpm. É claro que este salto de 100 cv não foi conseguido de ânimo leve, nem sem o recurso a investimentos consideráveis. O primeiro passou por alterar o sistema de lubrificação, de cárter convencional para cárter seco, como é habitual nos motores de competição. Depois, a caixa de dupla embraiagem da Nissan foi trocada por uma sequencial da Hewland, mais uma vez herdada das corridas. Os turbocompressores também são novos, maiores e integrados num sistema de escape em titânio, para poupar peso.

O resultado final deste combate ao peso, do chassi e carroçaria em carbono aos elementos de suspensão no mesmo material e os escapes em titânio, teve como consequência um peso final para o Bohema de somente 982 kg (sem combustível), menos de uma tonelada. Este peso-pluma, associado aos 700 cv do motor da Nissan, justifica os 0-100 km/h em menos de 3,5 segundos, bem como uma velocidade máxima de 304 km/h. Este valor até podia ser superior, caso o Bohema não possuísse um splitter frontal e uma asa traseira capazes de gerar 900 kg de apoio aerodinâmico a 250 km/h, uma força brutal para um carro capaz de circular na via pública.

O Praga Bohema viu o comportamento em pista aprovado por Romain Grosjean, o piloto de F1 e de Fórmula Indy, garantindo que o superdesportivo checo é capaz de satisfazer mesmo os clientes mais exigentes. Contudo, para ascenderem ao estatuto de donos de um Bohema, os interessados têm de despender 1,28 milhões de euros, antes de impostos. E se o valor parece elevado, não o é para um modelo com estas especificações, peso, potência e eficiência. Especialmente se tivermos em conta que apenas irão ser produzidas 10 unidades em 2023, para depois continuar em 2024, mas só até atingir o total de 89 veículos acordado com os potenciais clientes. O Bohema continua a fase de desenvolvimento, para tudo estar pronto para arrancar com as entregas a clientes no segundo semestre do próximo ano.