O cantor brasileiro Gilberto Gil foi alvo de ofensas verbais por parte de apoiantes da seleção brasileira no Qatar, na última quinta-feira. Imagens difundidas no Twitter mostram o músico e ex-ministro da Cultura de Lula da Silva, de 80 anos, acompanhado pela mulher, Flora Gil, a serem abordados por adeptos que o insultaram e gritaram por “Bolsonaro”. Tudo aconteceu no estádio Lusali, onde o Brasil defrontou e venceu a Sérvia por 2-0 na estreia da “canarinha” na competição.

https://twitter.com/J_LIVRES/status/1596696817567154179

Gilberto Gil, um dos nomes maiores da Música Popular Brasileira e autor de músicas como “Aquele Abraço”, foi um dos opositores da ditadura militar no Brasil, chegou a ser preso durante os chamados “Anos de Chumbo” e acabou por partir para o exílio. Chegou a ser impedido pela censura de cantar com Chico Buarque a música “Cálice”, música de Chico, que este canta com Milton Nascimento numa das versões mais conhecidas.

Nas últimas eleições, Gilberto Gil apoiou de forma aberta e declarada o candidato do PT, Lula da Silva, e foi ao Qatar numa altura em que Bolsonaro, o derrotado, é o presidente cessante e o vencedor é o presidente-eleito — estando o país muito divido.

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Sucederam-se as manifestações de apoio a Gilberto Gil, com a mulher de Lula da Silva, Janja, a revelar que o presidente-eleito e ela própria ligaram ao músico a manifestar a “solidariedade e indignação pela agressão sofrida no Qatar”.

Também o músico Caetano Veloso já tinha manifestado a sua “solidariedade ao génio Gil” e exigir que “os criminosos sejam punidos”.

O próprio músico reagiu através de um vídeo no Twitter, onde agradeceu a onda de solidariedade, e pediu um “Brasil sem ódio”. Gilberto Gil considerou esta “agressão uma coisa estúpida”, um “terceiro turno” dos inconformados que “querem manter o ódio e a agressividade”. E terminou a desejar “um bom jogo para o Brasil amanhã”.