Horas depois da derrota que decretou o afastamento do Irão do Campeonato do Mundo do Qatar, Carlos Queiroz anunciou, esta quarta-feira, a sua saída do cargo de selecionador da seleção persa. Numa mensagem nas redes sociais, o treinador deixou elogios aos seus atletas – sob pressão acrescida nesta competição devido aos protestos contra o regime de Teerão que têm invadido as ruas iranianas- e garantiu que os anos passados à frente da equipa foram uma “honra e privilégio”.
“Rapazes e queridos amigos, no futebol não há vitórias morais. Mas também não é imoral quando não alcanças os teus sonhos desde que tenhas dado o teu melhor com vontade total e corajosa mentalidade vencedora. Estou orgulhoso de vocês, foram mais uma vez brilhantes dentro e fora do campo”, escreveu Queiroz, acrescentado ter sido “uma honra e um privilégio fazer parte” da família futebolística iraniana.
“Acredito que merecem todo o respeito, oferecendo credibilidade ao vosso país e aos adeptos de futebol. Desejo-vos toda a felicidade, paz, sucesso e saúde. Obrigado”, finaliza o treinador português.
Carlos Queiroz, de 69 anos, voltou a assumir em Setembro passado o cargo de selecionador do Irão, para orientar a equipa asiática na fase final do Mundial 2022, sucedendo ao croata Dragan Skocic. No Qatar, Queiroz, que foi uma promessa eleitoral de Mehdi Taj, o novo presidente da Federação Iraniana de Futebol, orientou pela terceira vez a seleção do país em fases finais de Mundiais, depois de já o ter feito na Rússia, em 2018, e no Brasil, em 2014.
Apesar de nunca ter conseguido passar aos oitavos de final da competição, o treinador deixou a sua marca: conquistou um ponto em 2014, quatro pontos na Rússia em 2018 e três pontos na prova do Qatar.
No Qatar, a selecção orientada por Carlos Queiroz foi protagonista de alguns dos momentos mais intensos do torneio, nomeadamente no primeiro jogo, antes do qual os futebolistas iranianos não cantaram o hino, como forma de apoio às vítimas das manifestações contra o governo daquele país.
Após o jogo com o País de Gales, a Federação Iraniana de Futebol queixou-se à FIFA das declarações do antigo futebolista alemão Juergen Klinsmann, considerando que as mesmas são lesivas do país, e pediu a sua demissão do grupo de estudos técnicos. “Disse que no jogo Irão-País de Gales os jogadores ‘trabalharam’ o árbitro. Que isso não foi uma casualidade e que faz parte da cultura, da sua forma de jogar”, refere o Irão, justificando que Klinsmann quis dizer que os jogadores pressionaram o árbitro. Já Queiroz acusou o antigo internacional alemão de preconceito.