A nave espacial Insight voltou a recolher dados interessantes sobre o planeta vermelho, o vizinho da Terra. Para muitos cientistas considerado como “morto”, o estudo publicado nesta segunda-feira na revista Nature Astronomy, que integra as novas informações, veio revolucionar a forma de observar a composição de Marte. Vários martemotos foram detetados e o sistema da NASA foi o primeiro a registar movimentos sísmicos em solo marciano.
De acordo com o jornal El País, o subsolo de Elysium Planitia, uma das maiores planícies do planeta contém uma área vulcânica de dimensão semelhante à Europa Ocidental, que pode eventualmente entrar em erupção. Posto isto, Marte é a agora o terceiro planeta do Sistema Solar com uma atividade vulcânica registada, tal como a Terra e Vénus.
O Mars Global Surveyor e o Mars Reconnaissance Orbiter, sondas espaciais robóticas da NASA, têm fornecido vários dados sobre as características do solo avermelhado durante várias décadas. O jornal espanhol adianta que os cientistas que identificaram a possível erupção, Adrien Broquet e Jeff Andrews-Hanna do Laboratório Lunar e Planetário da Universidade do Arizona (EUA), tiveram em conta todas as investigações realizadas anteriormente.
Através das evidências da nave Insight, os investigadores concluíram que a hipótese mais verossímil passa pela existência de uma pluma numa parte de Marte, uma zona rochosa que liga o manto interno do planeta com a crosta exterior. Deste modo, a mesma fonte indica que na investigação é descrita uma pluma que pode ter entre 25 e 200 quilómetros de profundidade e posteriormente uma temperatura de 100 a 300 graus mais quente do que o resto da constituição do astro. A elevada atividade sísmica leva a crer que existe um movimento que impulsiona o aquecimento da crosta até ao ponto de poder provocar uma erupção de lava.
“A pressão pode formar depósitos de magma na crosta e provocar erupções nas escalas de tempo geológicas. A nossa descoberta implica que pode existir uma erupção em Marte, que poderá ser neste dia ou daqui a um milhão de anos, o que é muito curto espaço de tempo nestas escalas. Com certeza que esta é a zona mais interessante de Marte hoje em dia“, explicou Jeff Andrews-Hanna, co-autor do artigo citado pelo El País. Já o autor principal da tese indica que a história geológica do planeta vermelho terá de ser reescrita para uma possível explicação da sua formação.
“Existe um pequeno depósito de cinzas a cerca de 20 quilómetros de diâmetro mesmo no centro da pluma do manto. Tem 50.000 anos de idade, tudo isto indica que a zona está atualmente ativa. A maioria das pessoas também vê Marte como um mundo pequeno, frio e morto, mas a descoberta desta grande pluma vulcânica é uma mudança de paradigma“, revelou Adrien Broquet à mesma fonte.
De acordo com o El País, a pressão da pluma criou uma rede de fendas, como por exemplo, a Fossa de Cerberus, com cerca de 1.300 quilómetros de comprimento, a mais longa do planeta. De forma a entendermos as proporções vulcânicas do vizinho, comparemos com a Terra. Este mesmo processo de pluma e pontos quentes é possível em locais como o Havai, devido á presença de placas tectónicas que se movem em solo terrestre. Em terreno marciano, este caso não é cientificamente possível pois não existem estas placas e as erupções estarão concentradas num único ponto.