O ministro da Saúde, que está esta segunda-feira no Porto, onde recebeu a vacina de reforço contra a Covid-19, negou totalmente que haja um cenário de caos nas urgências nacionais, garantindo que todos os doentes estão a ser atendidos, ainda que não com a “prontidão que seria desejada”.
“Não acho que haja um cenário de caos, acho que há um cenário de dificuldades, mas as pessoas estão todas a ser atendidas”, afirmou Manuel Pizarro aos jornalistas. Admitindo que os doentes não estão a ser atendidos “com a prontidão que seria desejada”, o ministro da Saúde apelou à compreensão de utentes e seus familiares. “Porque estamos a ser capazes de dar resposta a todas as pessoas e os serviços estão a funcionar em pleno.”
Questionado sobre a situação no Hospital de Santa Maria, Pizarro admitiu que existem, de facto, “grandes dificuldades”, mas que a situação está um “pouco melhor” do que estava durante a madrugada desta segunda-feira, mantendo-se ainda assim “indesejável”.
“O que acontece está a acontecer neste momento é algo que, infelizmente, é habitual em Portugal. Há um fluxo excessivo às urgências, as alternativas não funcionam como desejaríamos e as dificuldades aumentam”, declarou o governante, garantindo, no entanto, que “a situação é pontual, mas isso não diminui a gravidade”.
Pizarro disse que as dificuldades variam de hospital para hospital e que já foram implementadas medidas que estão aos poucos a surtir efeito. Na sua opinião, foram estas medidas que impediram que a situação se descontrolasse.
O ministro apelou ainda a que os serviços de urgência sejam reservados apenas para os casos urgentes e que os restantes doentes entrem em contacto com o SNS 24 que os encaminhará para o local mais indicado.
Urgências do Hospital de Santa Maria em Lisboa com mais de dez horas de espera
O tempo médio de espera para as urgências do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, ultrapassam as dez horas. Segundo os dados disponíveis no site do Serviço Nacional de Saúde (SNS), o tempo de espera no maior hospital do país é de uma hora para os doentes muito urgentes, cerca de 12 horas para os urgentes, e cerca de 13 horas para os menos urgentes.
No Hospital de Garcia de Horta, em Almada, que esteve até às 8h desta segunda-feira a encaminhar os doentes não urgentes para outros hospitais por não ter capacidade para dar resposta, o tempo médio de espera é de cerca de hora e meia para os doentes urgentes e de quase duas horas para os menos urgentes.
O hospital confirmou ao Observador que o serviço de urgências se encontra a “funcionar normalmente” e que “o desvio CODU solicitado ontem foi desativado às 8h” desta segunda-feira. O site do SNS refere que existem atualmente três doentes não urgentes nas urgências do Garcia de Horta, mas não tem ainda informação disponível sobre o tempo de espera.
Em Coimbra, no Centro Hospitalar e Universitário, o tempo médio de espera é bastante inferior: 26 minutos para os doentes muito urgentes, 1h15 para os urgentes, 41 minutos para os menos urgentes e 30 minutos para os não urgentes.
No Hospital de São João, no Porto, o tempo de espera é também mais curto do que na zona da Grande Lisboa: cerca de meia hora para os doentes muito urgentes, cerca de duas para os urgentes, e cerca de meia hora para os menos urgentes e não urgentes.
A sul, no Hospital de Faro, a situação parece controlada: o tempo médio de espera para os doentes muito urgentes é de cerca de 20 minutos, cerca de meia hora para os urgentes, uma hora para os menos urgentes e dez minutos para os não urgentes.
Nos últimos dias, vários hospitais têm sofrido perturbações nos serviços de urgência, com longos tempos de espera. O Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, chegou mesmo a ter a urgência encerrada aos doentes encaminhados pela INEM. A urgência foi encerrada a estes doentes ao início da noite de sábado e reabriu às 8h deste domingo.
Esta manhã, o Beatriz Ângelo tinha uma média de três horas de espera para os doentes muito urgentes, de quase duas horas e meia para os urgentes, e de 20 minutos para os menos urgentes.