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Felícia passou 5 horas presa, com água pelo peito e frigoríficos a boiar. Na mesma rua de Algés, uma mulher de 55 anos morreu

Este artigo tem mais de 2 anos

Bombeiros Sapadores de Algés não tiveram mãos a medir esta madrugada. Observador acompanhou ronda por uma das zonas mais afetadas pelas inundações e assistiu ao resgate de dezenas de pessoas.

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Felícia Fernandes esteve cinco horas no interior do restaurante “Petit D’Algés”, onde trabalha como chefe de cozinha, com água pelo peito.

Eram 21h desta quarta-feira quando a água da chuva começou a subir e 2h da madrugada desta quinta quando a cozinheira, de 51 anos, finalmente conseguiu sair para a Rua Major Afonso Palla.

Tal como os colegas, que com ela viram a água subir mais e mais, até chegar ao ponto em que os frigoríficos começaram a boiar, contou ao Observador, teve de subir ao andaime de um prédio vizinho, para depois conseguir descer, com a ajuda dos bombeiros.

Por essa altura, já era conhecida há mais de duas horas a notícia da morte de uma mulher de 55 anos, naquela mesma rua daquela freguesia do concelho de Oeiras.

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

A mulher estava numa cave, que foi subitamente inundada. O marido conseguiu escapar com vida. Ela não.

“Basta uma vítima para ser uma grande dor. As minhas condolências à família, uma pessoa que faleceu nestas condições dramáticas, tão nova”, lamentou entretanto Marcelo Rebelo de Sousa, em declarações aos jornalistas no Largo de Alcântara, uma das zonas mais afetadas pelas inundações.

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A estação de comboios de Algés, mesmo ao lado da rua onde a mulher perdeu a vida, e de onde Felícia Fernandes conseguiu ser resgatada, também ficou completamente alagada.

Marcelo chegou às 3h da manhã

Eram 3h da madrugada quando o Presidente da República chegou à zona. Nessa altura, as várias pessoas que horas antes estavam presas em varandas já tinham sido retiradas pelos Bombeiros Sapadores locais, mas os alarmes de lojas e outros estabelecimentos comerciais continuavam a soar.

O Observador acompanhou a ronda dos bombeiros pelo bairro, em busca de pessoas ainda retidas. Assistiu ao resgate de uma pessoa presa há horas, sozinha, numa farmácia e de outras 14 que durante cinco horas estiveram refugiadas no primeiro andar de um outro restaurante, “O Telheiro”.

“A água começou a subir muito depressa e eles tiveram de se abrigar no primeiro andar, onde não havia água. Foi uma situação controlada, mas que causou algum transtorno, havia uma criança e algumas pessoas de idade”, contou um familiar de algumas das pessoas que estiveram à espera de ajuda entre as 22h e as 3h.

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Apesar de umas terem saído em braços e outras de cadeiras de rodas, explicou o comandante dos bombeiros ao Observador, não houve quaisquer feridos, apenas pessoas com muito frio, por estarem com as roupas encharcadas há várias horas.

Também não consta que tenha sido registada qualquer vítima na grande garagem subterrânea da mesma Rua Major Afonso Palla, que também ficou completamente alagada. Através do teto de vidro, era possível ver, desde a rua, uma série de carros a boiar e a tocar a parte superior da garagem, a cerca de 4 metros de distância do chão, explicaram moradores ao Observador.

De acordo com Isaltino Morais, o autarca de Oeiras, que também esteve no local, a zona mais afetada do concelho foi mesmo a baixa de Algés. Garantindo que todos os comerciantes da zona vão começar a ser contactados esta quinta-feira, para avaliar os estragos, o presidente da Câmara adiantou que não tenciona pedir que seja declarado o estado de calamidade na zona. “Acho que não se justifica”, concluiu.

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