Depois de vários meses de antecipação, os três episódios que compõem a primeira parte da série documental “Harry & Meghan” chegaram à Netflix esta quinta-feira, 8 de dezembro, data em que se assinalam três meses desde a morte da rainha Isabel II. Neles, o príncipe Harry diz que conheceu a mulher no Instagram e compara-a à Princesa Diana.

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“Estava a fazer scroll no meu feed e um dos meus amigos tinha um vídeo com alguém de quem era amigo, tipo um Snapchat”, começa por contar o príncipe. “E eu perguntei, quem é essa?”

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Quando o tal amigo comum contou a Meghan que o príncipe Harry gostava de a conhecer, a reação foi parecida: “Eu disse, quem é esse?”, contrapõe a duquesa. Depois de ver o feed de Instagram de Harry, ficou convencida com “as bonitas fotografias, todas as imagens ambientais e todo o tempo que ele estava a passar em África.” No dia seguinte, trocaram números de telefone.

Meghan tinha planeado manter-se solteira durante o verão e viajar pela Europa, mas “H”, como lhe chama, apareceu e trocou-lhe os planos. O primeiro encontro aconteceu em 2016 e seguiram-se rapidamente mais dois em Londres, até Harry a convidar para o acompanhar numa viagem ao Botsuana.

“Ela sacrificou tudo o que alguma vez conheceu, a liberdade que tinha, para se juntar a mim no meu mundo”, recorda Harry no primeiro episódio, que se foca principalmente nos primeiros tempos do romance. Casaram em maio de 2018. “Pouco tempo depois, eu acabei por sacrificar tudo o que conhecia para me juntar a ela no seu mundo.”

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As comparações a Diana

A morte de Diana e a infância de Harry são dois dos temas explorados ao longo dos três episódios. “Tanto daquilo que a Meghan é, e a forma como se comporta, é tão parecida com a minha mãe… Ela tem a mesma confiança e o mesmo calor.” Recordando a morte da mãe num acidente de carro em 1997 enquanto estava a ser perseguida pelos paparazzi em Paris, Harry diz que durante infância viva rodeado de paparazzi e “aprendeu coisas” sobre a relação de Diana com os media, sobre a “dor e o sofrimento das mulheres que se casam com esta instituição.”

“Lembro-me de pensar, como é que alguma vez vou encontrar alguém que esteja disposta e seja capaz de aguentar toda a minha bagagem?.”

Sobre as dificuldades de lidar com o escrutínio dos tabloides britânico, diz o duque, a monarquia inglesa parece ter um “preconceito inconsciente” que levou os seus membros a ignorarem o assédio de que os Sussex foram vítimas — e que culminou no seu abandono da família real.

Os “esqueletos no armário” da família real

Harry “aceita” que “muita gente em todo o mundo” discorde da decisão de abandonar os seus deveres reais, mas defende a sua posição. “Eu sabia que tinha de fazer tudo o que pudesse para proteger a minha família, especialmente depois do que aconteceu à minha mãe.”

O tipo de escrutínio mediático de que foram vítimas foi visto pela família como um “ritual de passagem”. Numa aparente alusão às experiências de William, do pai e do tio Andrew, parafraseou alguns dos argumentos que ouviu quando Meghan entrou na sua vida: “Se a minha mulher teve passar por isso, porque é que a tua seria tratada de forma diferente? Porque é que receberia tratamento especial? Porque é que tem de ser protegida?”

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No entanto, Harry contrapõe que a questão racial foi o elemento que separou a experiência de Meghan de todas as outras. “Há esqueletos no armário que frequentemente aparecem de forma indesejada”, comenta. “Às vezes és parte do problema em vez de parte da solução”.

Ainda sobre os casamentos na família real, o duque acredita que “muitas pessoas na família, especialmente os homens” se sentiram tentados a casar com pessoas que “encaixassem nos moldes”, em vez de com as mulheres a quem estariam “destinados”. “A minha mãe tomava todas as decisões com o coração. E eu sou filho dela.”

A intrusão dos media

Segundo o príncipe, a intrusão dos media britânicos tomou proporções tão grandes que se tornou “genuinamente preocupado com a segurança” da sua família. “É muito difícil olhar para trás e dizer, o que aconteceu? Como é que chegámos a este ponto?”, comenta num vídeo exibido no primeiro episódio que data a março de 2020, altura em que o par completou os seus deveres reais.

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“Ninguém sabe a verdade. Nós sabemos a verdade, a instituição sabe a verdade e os media sabem a verdade porque estiveram envolvidos”, atira o príncipe, que diz sentir o “dever” de “revelar a exploração e os subornos que acontecem” dentro da comunicação social no Reino Unido.

A segunda parte de “Harry & Meghan” chega com mais três episódios na próxima quinta-feira, 15 de dezembro.