A Argentina disputa, esta terça-feira, o sexto jogo no Campeonato do Mundo do Qatar e todos os cinco anteriores têm um elemento em comum: Paulo Dybala não jogou nenhum minuto. O jogador da Roma de José Mourinho é um dos cinco convocados por Lionel Scaloni que ainda não se estrearam na competição (juntamente com os dois guarda-redes suplentes, Franco Armani e Gerónimo Rulli, o defesa Juan Foyth e o avançado Ángel Correa), mas é a sua ausência que mais se questiona. Uma das estrelas maiores do campeonato italiano, porque não joga Dybala na “alviceleste”?

Várias vezes questionado sobre o tema, o selecionador argentino garante que tudo não passa de uma escolha tática e que não há nenhum problema com o avançado. “Dybala não jogou porque ainda não vi a oportunidade certa para o colocar em campo”,  explicou Scaloni na conferência de imprensa de quinta-feira, garantindo que a equipa técnica está “feliz” pela conforma como o futebolista trabalha em grupo. “Temos 26 jogadores e temos de selecionar os que consideramos melhores para cada partida. E, às vezes, estas desenrolam-se de maneira diferente”.

Nas declarações à imprensa, o treinador tem descartado a hipótese Dybala estar com problemas físicos. O jogador chegou a temer ter o Mundial em risco devido a uma lesão contraída no início de outubro. “Eu diria que ele está mal, para não dizer que está muito, muito mal. Risco de não voltar antes de 2023? Não sou médico, e também ainda não falei com o nosso departamento médico, mas pelo que me disse [Dybala] e pelo que vi, posso dizer que será difícil”, disse o técnico português na altura.

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Messi, Di María, Lautaro, Julián Álvarez…

Mas a verdade é que o avançado conseguiu recuperar a tempo de entrar nas contas de Scaloni. Esteve parado de 9 de outubro a 13 de novembro, dia em que jogou 21 minutos contra o Torino. Chegou ao Mundial como um dos jogadores em destaque na Série A e com 12 jogos e sete golos marcados (números divididos entre Liga e Liga Europa). E se chegou com menos ritmo do que os colegas, rapidamente o encontrou. “O jogador está bem, a sua condição é boa e estamos satisfeitos com o que ele está a dar” como elemento do grupo de trabalho, garantiu o selecionador.

O problema de Dybala na “alviceleste” não é de agora e o treinador antecessor, Jorge Sampaoli, enfrentou o mesmo dilema: o avançado, que antes da Roma representou a Juventus, ocupa a mesma posição do titularíssimo Lionel Messi e este só não jogará todos os minutos caso se lesione ou tenha de cumprir algum jogo de castigo.

No entanto, de momento, não é apenas o lugar da estrela-maior da Argentina que está “fechado”. Nas alas, Di María é dono e senhor. E, como ponta-de-lança, as preferências são Lautaro e Julián Álvarez. Ou seja, Dybala não é primeira, nem segunda opção para nenhuma das posições.

“Todos os jogadores veem Messi como muitos viram Maradona”

Alguns rumores indicam que a relação entre Messi e Dybala não é a melhor e que a justificação para o banco do jogador da Roma seria pressão do craque do PSG. Em 2017, numa conferência de imprensa, o avançado confessou dificuldades em criar uma relação próxima dentro de campo com o então jogador do Barcelona. “Vai parecer estranho o que estou prestes a dizer”, assumiu, antes de atirar: “É um pouco difícil jogar com Messi pela Argentina porque ambos jogamos na mesma posição. Sou eu que tenho que me adaptar para deixá-lo confortável.”

Estas palavras nunca foram esquecidas e acabaram muitas vezes por serem usadas contra Dybala. O atual selecionador não tem dúvidas: “Leo e Paulo são compatíveis”.

Scaloni tem elogiado a postura do jogador da Roma nos treinos e a dinâmica do grupo. E a verdade é que, se existem problemas, Dybala não os assume, antes pelo contrário. Já no decorrer do Mundial, comparou o colega da “alviceleste” ao maior ícone de sempre do futebol argentino (e, para muitos, do futebol mundial).  “É um ídolo para todos nós. Todos os jogadores argentinos veem Leo (Messi) como muitos viram Maradona. Foi uma loucura ter a oportunidade de treinar com ele e saber que seria possível jogar com ele na seleção. Para nós, argentinos, nada é maior do que chegar à seleção. É o maior sonho que se pode realizar como jogador”.