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Os investigadores ucranianos dizem ter descoberto pela primeira vez uma “câmara de tortura” russa onde eram mantidas crianças. O local, na cidade de Kherson, era usado pelas forças de Moscovo para deter menores que “ofereciam resistência” à ocupação, revelou o representante de direitos humanos da Ucrânia.

Registamos casos de tortura de crianças pela primeira vez. Pensei que tínhamos atingido o fundo do poço depois de Bucha e Irpin (…) mas não, vimo-lo em Kherson”, afirmou Dmytro Lubinets durante uma conferência de imprensa, citado pelo Ukrainska Pravda.

Citando testemunhos de residentes locais, Lubinets refere que os serviços de segurança russos mantiveram os menores naquilo a que chamavam uma “cela infantil”. Ao longo do dia recebiam dos captores pouca água e quase nenhuma comida. As testemunhas relatam como durante esse tempo os russos sujeitavam as crianças a abusos psicológicos, dizendo-lhes que os seus pais as tinham abandonado e que nunca iriam regressar.

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O representante ucraniano disse ainda que um rapaz de 14 anos foi capturado pelos russos simplesmente por tirar uma fotografia dos seus equipamentos destruídos. Foi levado pelos russos para esse local e torturado. “Estas são crianças que, de acordo com os ocupantes, oferecem resistência”, acrescentou.

As autoridades ucranianas têm descoberto várias câmaras de tortura nos territórios recuperados. A cidade de Kherson, que esteve oito meses sob ocupação russa, não foi exceção.

A escala de tortura em Kherson é “horrível”. Autoridades ucranianas recolhem provas dos abusos cometidos durante a ocupação

No início de novembro, após a libertação da cidade, Lubinets já se tinha referido à escala de tortura como “horrível”, denunciado a descoberta de câmaras onde dezenas de pessoas eram eletrocutadas, espancadas com canos de metal e mortas. Jornalistas de vários meios de comunicação internacionais estiveram presentes em alguns destes locais, enquanto os investigadores recolhiam provas dos abusos cometidos.

As autoridades continuam a recolher evidências e testemunhos dos crimes e, esta quarta-feira, o Presidente Volodymyr Zelensky voltou a apelar à criação de um tribunal especial para os julgar. “Não podemos esperar pelo fim da guerra para levar a julgamento todos aqueles que começaram esta guerra”, afirmou durante a entrega do Prémio Sakharov, que recebeu do Parlamento Europeu em nome do povo ucraniano.

Até agora, Kiev já abriu mais de 48 mil processos criminais instaurados por crimes de guerra cometidos por militares russos e pelos seus “cúmplices” desde o início da invasão.