Um ataque antes das tréguas. Luís Montenegro aproveitou o jantar de Natal do grupo parlamentar social-democrata, que marca o último ato político antes do arranque do próximo ano, para responder à última entrevista de António Costa e meter sal numa ferida que vai crescendo mesmo na família socialista — a ideia de que o socialista está inebriado com o poder absoluto.

Ora, para o líder do PSD, Costa convenceu-se de que é “uma espécie de Dono Disto Tudo” e julga-se “acima de qualquer escrutínio”. “O que o primeiro-ministro está a dizer aos portugueses é que se o país está a empobrecer, se as urgências estão a fechar, se não há professores, é: ‘Habituem-se’. Não, senhor primeiro-ministro. Não queremos o país habituado”, atirou Luís Montenegro.

A esse propósito, aliás, o líder social-democrata recordou que António Costa ainda não respondeu às 12 perguntas feitas pelo PSD à boleia da polémica sobre o antigo governador do Banco de Portugal, Carlos Costa. Recorde-se que os sociais-democratas dirigiram 12 perguntas ao primeiro-ministro para esclarecer declarações do ex-governador do Banco de Portugal Carlos Costa, quer sobre a resolução do Banif, quer sobre o afastamento da empresária Isabel dos Santos do BIC.

“O primeiro-ministro não dá respostas ao país há um mês. Porquê? Está na hora de responder”, desafiou Montenegro, já depois de criticar a “pose majestática e imperial” de Costa, “de que quem tem maioria no Parlamento”.

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“Este Governo não faz nenhuma transformação estrutural do país. Quer que fique tudo na mesmo. Em bom rigor, este primeiro-ministro não queria maioria absoluta porque assim tinha desculpa para não fazer nada. É uma chatice”, continuou Montenegro, já depois de ter voltado a atirar diretamente contra António Costa: “Os socialistas não são merecedores da confiança [depositada neles pelos portugueses]. O primeiro-ministro não gosta de responder a perguntas; gosta de brincar, de apoucar, de diminuir o debate político, de desrespeitar os seus adversários.”

Aproveitando para responder a todos os que dizem que o PSD não tem ideias ou iniciativa política (“Não temos falta de ideias; o que temos mais é ideias. Sabemos muito bem o que estamos a fazer”), Montenegro garantiu que o objetivo do partido é ter, pelo menos, 117 deputados nas próximas legislativas — a maioria absoluta, leia-se. E até estipulou um calendário: tornar o PSD “socialmente maioritário em 2023” e “eleitoralmente maioritário em 2026“.

Numa nota para consumo interno, e para travar as críticas internas que vêm ganhando força em relação à (falta de) articulação entre partido e grupo parlamentar social-democrata, Montenegro aproveitou o momento de reunião para tecer rasgados elogios a Joaquim Miranda Sarmento, líder da bancada.

“A missão de Joaquim Miranda Sarmento é difícil. Lidera 77 deputados, 77 vontades, interesses, e legitimidades. Não é nada fácil. O teu desempenho tem sido excecional. É aquele que queremos, é aquele que queremos para nos dar credibilidade para governar Portugal. Não estamos no Parlamento para o teatro; estamos no Parlamento para servir as pessoas”, reforçou Montenegro. Mais um gesto de paz antes do ano que aí vem.

PSD faz 12 perguntas ao primeiro-ministro sobre afastamento de Isabel dos Santos e processo Banif