Os crimes capturaram a imaginação e fizeram dele um dos mais famosos assassinos em série do mundo; a sua excentricidade chegou aos ecrãs de cinema e televisão. Agora, a vida de Charles Sobhraj, a “Serpente”, como ficou conhecido, conheceu o seu mais recente capítulo: a justiça do Nepal libertou-o. Para a história, fica como o homem responsável pela morte de mais de 20 pessoas na zona do Pacífico na década de 1970.
Sobhraj estava desde 2004 a cumprir uma pena de prisão perpétua. No entanto, de acordo com a BBC, o tribunal decidiu deixá-lo sair atendendo aos seus problemas de saúde, à sua idade avançada (tem atualmente 78 anos) e ao seu bom comportamento. Foi libertado esta sexta-feira e voltará, durante a noite, a França: “O governo do Nepal quer deportá-lo o mais rapidamente possível. Sobhraj também quer isso”.
O francês de origem indiana e vietnamita saltou para as páginas dos jornais por matar uma série de pessoas, na sua maioria mulheres ocidentais, que percorriam a “trilha hippie” (uma forma de turismo alternativo bastante popular até finais da década de 1970). Atraía as vítimas para depois as drogar, assaltar e assassinar. Os seus crimes inspiraram várias adaptações para cinema e televisão — incluindo uma recente série de 2021 da britânica BBC, precisamente intitulada “A Serpente”.
Detido pela primeira vez pelas autoridades indianas, foi condenado em 1976 a 20 anos de prisão pelo envenenamento de vários turistas franceses. Na cadeia, a sua celebridade cresceu aliada a um seu estilo de vida luxuoso e extravagante, que conseguiu manter graças aos subornos que pagava aos guardas prisionais e às insólitas entrevistas que foi concedendo aos meios de comunicação internacionais, nos quais detalhava ao pormenor os seus crimes.
Em 1986, Sobhraj conseguiu escapar após dar uma festa de luxo onde drogou os guardas da prisão. Acabou por ser apanhado em Goa e regressou à prisão, de onde foi libertado em 1997.
Estabeleceu-se então em Paris, onde o continuado interesse na sua vida e nos seus crimes lhe permitiu cobrar somas exorbitantes para dar entrevistas. Em 2003 regressou ao Nepal, uma má decisão: era procurado pelo assassinato de uma turista norte-americana em 1975. Foi preso e condenado a duas penas de prisão perpétua, em 2004 e em 2014 (esta segunda referente ao homicídio de uma mulher canadiana). Durante este período, casou com a filha do seu advogado, uma mulher nepalesa 44 anos mais nova.
De acordo com a BBC, que cita a agência de notícias AFP, a justiça nepalesa entendeu agora que “mantê-lo na prisão continuamente não é condizente com os direitos humanos do prisioneiro”.
Notícia atualizada às 11h09