Parecia uma manhã de antevéspera de Natal normal numa rua comercial no 10.º quarteirão em Paris. A normalidade foi, no entanto, quebrada pelo sons de tiros que causaram o pânico na rua d’Enghien. Pelo menos três pessoas morreram e três ficaram feridas, incluindo o próprio atirador de 69 anos — um reformado de nacionalidade francesa, que tinha trabalhado como maquinista na empresa que gere os caminhos de ferro em França, a Société Nationale des Chemins de Fer Français (SCFF).

Nascido em março de 1953, William M. tem antecedentes criminais, aliás, tinha estado em prisão preventiva até há onze dias, no âmbito de um outro crime de que é suspeito. Natural de Montreuil, no leste da capital francesa, o sexagenário estava agora sob vigilância policial e proibido do uso e porte de armas. No entanto, as autoridades, que o descrevem “desequilibrado” e “racista”, não conseguiram travar o ataque desta sexta-feira.

Atirador no centro de Paris faz pelo três mortos e quatro feridos. Polícia já o deteve

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O homem já tinha sido acusado duas vezes por tentativa de homicídio — uma em 2016, outra o ano passado — e em ambas as situações foram invocadas motivações raciais. Os contornos do crime desta sexta-feira podem indiciar que o padrão se manteve, dado que o atirador escolheu disparar junto ao centro cultural curdo Ahmet-Kaya.

O jornal Le Figaro lembra que o primeiro crime que cometeu ocorreu há seis anos, quando o atirador foi acusado de esfaquear um homem que o havia assaltado. William M. já começou a ser julgado no âmbito deste processo, mas o caso ainda não transitou em julgado.

O segundo episódio ocorreu a 8 de dezembro do ano passado. Num acampamento de migrantes, o homem atacou várias pessoas que moravam numa tenda com um sabre, sendo que duas acabaram feridas. O Ministério Público parisiense acusou-o de “violência de natureza racista” com recurso a arma de fogo e também de tentativa de homicídio, aguardando julgamento em prisão preventiva, onde ficou mais de um ano.

Porém, foi libertado a 12 dezembro. Agora, as autoridades estão a estudar os contornos do ataque desta sexta-feira. A Procuradoria Nacional Antiterrorista admitiu que, durante as investigações, vai ter em consideração “os motivos raciais” dos últimos crimes.