A China realizou este domingo exercícios militares perto de Taiwan, em resposta ao que disse serem provocações e conluio entre os Estados Unidos e as autoridades da ilha, anunciou o Exército de Libertação do Povo (ELP).
Um porta-voz do ELP, as forças armadas chinesas, coronel Shi Yi, disse que as manobras militares envolveram “patrulhas conjuntas de prontidão de combate multisserviços e exercícios de ataque conjuntos no mar e no espaço aéreo em redor da ilha de Taiwan”.
O porta-voz não especificou o número de meios envolvidas, nem a localização dos exercícios.
“Esta é uma resposta firme ao crescente conluio e provocações entre as autoridades norte-americanas e taiwanesas”, acrescentou, num comunicado citado pela agência francesa AFP.
O ELP divulgou fotografias de um bombardeiro, um navio de guerra e de uma vista aérea do que é identificado como uma cadeia de montanhas de Taiwan vista a partir do cockpit de um avião.
Esta última foto destina-se a salientar que a aeronave se aproximou relativamente da costa de Taiwan.
A China considera Taiwan, com uma população de 24 milhões de habitantes, como uma das suas províncias, que ainda não conseguiu reunificar com o resto do seu território desde o fim da guerra civil chinesa em 1949.
As forças nacionalistas, que governavam a República da China (ROC, na sigla em inglês), fundada em 1912, refugiaram-se em Taiwan quando foram derrotadas pelas forças comunistas, que proclamaram a República Popular da China (RPC) em 1949.
Em 1971, a Assembleia Geral da ONU aprovou uma resolução em que reconheceu o governo da RPC como representante da China nas Nações Unidas e no Conselho de Segurança, em detrimento do da ROC deslocado em Taiwan.
Desde então, a generalidade da comunidade internacional cortou relações diplomáticas com a ROC e reconheceu a RPC, o que Portugal fez em 1975, depois da revolução do 25 de Abril.
Com base na resolução da ONU, Pequim considera ter soberania sobre Taiwan, que foi devolvida pelo Japão ao governo da ROC 1945, quatro anos antes da proclamação da RPC.
Pequim ameaça invadir Taiwan se a ilha declarar a independência e rejeita qualquer interferência externa na questão.
A ilha de Taiwan, situada a cerca de 180 quilómetros a leste da China continental, evoluiu de um regime de partido único para uma democracia multipartidária nas últimas décadas, com um sistema político completamente separado do da China.
Taipé rejeita a soberania da RPC sobre a ilha e considera que Taiwan já é independente ‘de facto’.
Ao ser reeleita em 2020, a Presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, disse à televisão britânica BBC que Taiwan não necessita de declarar a independência.
“Já somos um país independente e chamamo-nos a nós próprios República da China, Taiwan”, afirmou Tsai na altura.
Pequim tem criticado os Estados Unidos por fornecerem apoio militar a Taipé e expressou, no sábado, “forte oposição” à aprovação de uma lei de defesa em Washington que autoriza 10.000 milhões de dólares (mais de 9.410 milhões de euros, ao câmbio atual) de ajuda e venda de armas a Taiwan.
Em agosto, a China realizou manobras militares sem precedentes junto a Taiwan, em resposta à visita da presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, a Taipé.
Pequim considerou tal visita como uma provocação de Washington, que reconhece o governo da República Popular como o único representante legítimo da China.