O BCE subiu as taxas de juro em 2,5 pontos percentuais em 2022 mas ainda está relativamente longe do nível a que acabará por chegar. O governador do banco central dos Países Baixos recorre a uma imagem futebolística para dizer que não faz sentido achar que se está perto do “fim do jogo” e que os juros não irão subir muito mais: “Ainda estamos no início da segunda parte“, avisa Klaas Knot, em entrevista ao Financial Times publicada na segunda-feira.
O holandês é conhecido por ser um dos governadores mais hawkish do Conselho do Banco Central Europeu (BCE), isto é, um dos responsáveis mais avessos a estímulos monetários e taxas de juro demasiado baixas. Mesmo com a taxa de juro em 2% (a taxa de juro dos depósitos no BCE, a mais relevante neste momento), Klaas Knot não antecipa qualquer abrandamento no ritmo das subidas:
O risco de não fazermos o suficiente [na subida dos juros] ainda é o principal risco que enfrentamos“, considera o holandês.
À entrada em 2023, a expectativa de Klaas Knot é que as próximas reuniões do Conselho do BCE irão ser marcadas por um “ritmo bastante razoável de aperto monetário“, o que poderá significar que a autoridade monetária irá fazer várias subidas de 50 pontos-base (meio ponto percentual) ao longo dos próximos meses – e só deverá parar no verão.
“Ainda estamos no início da segunda parte“, comenta Klaas Knot, dando a entender que as taxas de juro podem subir até perto dos 4%, ou mesmo um pouco acima desse nível. A confirmarem-se, estas subidas irão repercutir-se nos indexantes mais comuns para o crédito, as chamadas taxas Euribor, que subiram bruscamente nos últimos meses depois dos níveis negativos que chegaram a atingir nos anos anteriores.
Taxas Euribor a 3, 6 e 12 meses renovam máximos de quase 14 anos pela 3.º sessão consecutiva