Os republicanos encontram-se divididos na eleição do presidente da Câmara dos Representantes, para a qual conseguiram maioria nas eleições intercalares de novembro. Kevin MacCarthy, candidato oficial do partido, já perdeu as três primeiras voltas da votação —  primeiro com 203 votos, depois com 199 e, por fim, com 198, dos 218 necessários.

Perdida a primeira volta que lhe daria o lugar anteriormente ocupado pela democrata Nancy Pelosi, e com a recusa de McCarthy em retirar a sua candidatura, a escolha do próximo speaker depende, segundo as regras da Câmara de Representantes, de novas rondas de votações até que a maioria seja conseguida. O novo presidente da câmara baixa precisa, em principio, dos 218 votos, mas, explica a CNN, o número pode mudar, caso alguns dos congressistas se retirem da votação, como aconteceu no caso de Nancy Pelosi que, em 2019, foi eleita com 216 votos.

É a primeira vez nos últimos 100 anos na história dos Estados Unidos que um partido com maioria não consegue eleger o seu líder à primeira volta. O caso não acontecia desde 1923 quando a eleição do republicano Frederick Gillett só foi confirmada à 9.ª ronda de votações. Antes disso, numa altura em que a configuração do congresso americano ainda não era bipartidária, bateu-se um recorde: em 1856, Nataniel Banks só foi eleito na 133.ª volta.

Na corrida à liderança da Câmara dos Representantes, concorrem também Hakeem Jeffries, candidato do Partido Democrata, que recebeu 212 votos, e Andy Biggs, candidato republicano autoproposto, que obteve apenas dez votos.

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Nova configuração do congresso americano traz desafios legilativos a Joe Biden

O 118.º Congresso dos Estados Unidos começou esta terça-feira, 3 de janeiro, os trabalhos com uma nova relação de força entre democratas e republicanos nas duas câmaras que compõem o órgão e com a antevisão de obstáculos legislativos para o Presidente Joe Biden.

A nova composição da Câmara dos Representantes (câmara baixa) – agora de maioria republicana -, e do Senado (câmara alta) – de maioria democrata -, é o resultado das eleições intercalares que tiveram lugar em novembro passado.

Nas intercalares, os republicanos conquistaram 222 lugares na Câmara dos Representantes, mais nove do que os seus rivais políticos, enquanto os democratas mantiveram o controlo da câmara alta. Inicialmente, a conquista democrata contabilizou 51 assentos, mas a senadora Kyrsten Sinema, do Arizona, decidiu mudar, em dezembro, a sua afiliação partidária, passando de democrata para independente. A nova composição estará em vigor até 03 de janeiro de 2025.

Segundo analistas ouvidos pela Lusa, a nova composição do Congresso dos Estados Unidos trará desafios legislativos difíceis ao Presidente Joe Biden (democrata), que entra nos últimos dois anos do seu mandato, mas também servirá de teste à unidade e à resiliência dos republicanos.

Um dos aspetos em destaque na nova composição do Congresso será a ausência de Nancy Pelosi. A veterana congressista democrata, que foi a primeira mulher a liderar a Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, anunciou em meados de novembro que deixaria a liderança partidária para “uma nova geração”.