Um dos líderes dos Talibã reagiu à revelação do príncipe Harry  de que tinha matado 25 radicais durante as suas missões no Afeganistão. Referindo-se às confissões do filho mais novo do rei de Inglaterra, Anas Haqqani sublinhou que, “entre os assassinos de afegãos, poucos têm a decência de revelar a sua consciência e confessar os seus crimes de guerra”.

Mas não ficou por aí. Dirigindo-se diretamente ao príncipe, acrescentou ainda no Twitter: “Senhor Harry, aqueles que matou não eram peças de xadrez, eram humanos. Tinham famílias que esperavam pelo seu regresso”.

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Príncipe Harry revela que matou 25 pessoas enquanto combateu no Afeganistão

Em reação às declarações de Harry, Khalid Zadran, porta-voz da polícia talibã em Cabul, disse ao The Telegraph que o duque de Sussex devia ser julgado num tribunal internacional por ter “confessado com orgulho” a morte dos 25 combatentes.

“O príncipe Harry será sempre lembrado em Helmand, os afegãos nunca esquecerão a morte dos seus compatriotas inocentes”, assegurou o talibã: “Os perpetradores de tais crimes um dia serão levados ao tribunal internacional e criminosos como Harry, que orgulhosamente confessam os seus crimes, serão levados ao tribunal diante da comunidade internacional.”

Palavras de Harry são “cruéis” e “bárbaras”, dizem talibãs

O novo livro de memórias do príncipe Harry, “Spare” — ou, em português, “Na Sombra” —, será publicado na próxima semana e chega às bancas pouco depois do polémico documentário que ele e a mulher, Meghan Markle, protagonizam na Netflix.

De acordo com a Sky News, que teve acesso antecipado ao livro, Harry admite que, nas duas missões que realizou ao Afeganistão, não pensava nos 25 combatetentes que matou como “pessoas”: eram, para si, “peças de xadrez que tinham de sair do “tabuleiro”. “Não era algo que me enchia de satisfação, mas também não me envergonhava”, admitiu.

Para Khalid Zadran, as palavras de Harry são “cruéis” e “bárbaras”. “As forças de ocupação no Afeganistão costumavam iniciar as operações ao anoitecer em nossas aldeias. O príncipe Harry estava envolvido nisso e tirou a vida de dezenas de afegãos indefesos”, denunciou o porta-voz em declarações ao The Telegraph: “As ações cruéis e bárbaras de Harry e outros despertaram a população afegã e levaram a um levante armado contra eles. Chamamos a este tipo de levante o ‘jihad sagrado’“.

Harry acusa William de o ter agredido fisicamente

No livro, o duque de Sussex afirma também ter sido fisicamente agredido pelo próprio irmão, o primeiro na linha de sucessão ao trono, William. Harry afirma que os dois irmãos estavam a discutir em Nottingham Cottage (residência que partilhava com Meghan Markle) sobre o relacionamento do duque de Sussex com a mulher quando William o atacou.

“Na Sombra.” Harry acusa William de o ter atacado fisicamente durante discussão sobre Meghan

“Ele pousou o copo, chamou-me outro nome, depois atirou-se a mim. Tudo aconteceu depressa. Muito depressa. Agarrou-me pelo colarinho, arrancou o meu colar e atirou-me ao chão. Caí em cima da tigela do cão, que se partiu em pedaços debaixo das minhas costas, cortando-me. Fiquei ali estendido por um momento, confuso, depois levantei-me e disse-lhe para sair”, citou o The Guardian.