O presidente da Federação Francesa de Futebol (FFF) está debaixo de fogo. Envolvido em várias polémicas, Noel Le Gräet é agora acusado de assédio sexual, com várias alegações de ter mandado mensagens e tido comportamentos impróprios para com várias mulheres.

A mais recente acusação, veiculada na segunda-feira pelo jornal desportivo L’Équipe, vem de Sonia Souid, influente empresária francesa, que acusa o dirigente desportivo de a ter assediado durante um período de quatro anos, entre 2013 e 2017. O alegado comportamento de Le Gräet é retratado pela empresária através de um episódio que terá acontecido em 2014.

“Em setembro de 2014, [Le Graët] ligou-me, disse-me que eu era brilhante, que atingi feitos extraordinários e que me queria apresentar a Brigitte Henriques (dirigente da FFF), que à data estava no cargo mais importante do futebol feminino na FFF”, começa por relatar Souid, antes de revelar que o dirigente lhe convidou a ir a sua casa para uma reunião de trabalho consigo e com Henriques, alegadamente por lhe ser “mais conveniente”.

“Quando cheguei ao apartamento vi dois copos de champanhe. Estava à espera da Brigitte, mas ela não chegou. Ele disse-me: ‘Sabes, não precisamos dela. Somos bastante próximos, posso fazer com que as tuas ideias se realizem‘. Nem toquei no champanhe, tinha receio que tivesse algo”, afirma a empresária, acrescentando: Le Graët “deixou claro que gostaria que eu acabasse na sua cama”.

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Esta está longe de ser a primeira alegação contra o Presidente do organismo que tutela o futebol francês. Em setembro de 2022, várias mulheres testemunharam sob anonimato para uma investigação da revista So Foot, dando conta do comportamento impróprio de Le Gräet e de outras figuras da FFF, forçando-se sobre elas e enviando-lhes mensagens abusivas.

Na altura, o dirigente defendeu-se, chegando mesmo a dizer que era impossível as acusações de que era alvo serem verdadeiras. A razão? “Nem sequer sei mandar um SMS”. Já Souid garante que não é verdade. “Noel Le Graët sabe enviar mensagens, é muito sedutor – exceto quando estou em sua casa”.

A Federação Francesa já anunciou a realização de uma reunião extraordinária para esta quarta-feira. O tema da reunião não serão as alegações de assédio em concreto, mas a generalidade das polémicas em que Le Graët se tem encontrado, em particular o seu papel na atribuição na atribuição do Mundial 2022 ao Qatar e as suas declarações sobre Zinedine Zidane – a quem, disse, “não atenderia o telemóvel”.

Dentro do organismo já há quem peça a saída do dirigente de 81 anos . O Conselho Nacional de Ética (CNE) da FFF, através do seu presidente, Patrick Anton, já veio pedir que Le Gräet “se escuse das suas responsabilidades e que, por conseguinte, se demita do cargo, que ocupa desde 2011. Apelando a que a ética e a boa conduta profissional sejam mantidas ao mais alto nível, Anton diz mesmo que Le Gräet “proferiu declarações que mostram que perdeu alguma da sua lucidez. Está cansado e tem de seguir caminho”.

Caso a sua saída se venha a verificar, um potencial beneficiado será, ironicamente, Fernando Gomes. O presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), que é também vice-presidente da UEFA anunciou na última semana a sua candidatura a um lugar no Conselho da FIFA – tendo como adversário, justamente, Noel Le Gräet.