Pelo menos 20 pessoas morreram e 73, incluindo 12 crianças, ficaram feridas na sequência de um ataque russo que atingiu este sábado um edifício residencial de nove andares na cidade de Dnipro, no centro da Ucrânia. Os números deverão subir, uma vez que há também 37 desaparecidos e os socorristas ainda procuram pessoas entre os escombros.

Valetyn Reznichenko, governador de Dnipropetrovsk, que tem vindo a atualizar os números relativos ao bombardeamento, informou ao início da noite deste sábado que entre as vítimas mortais conta-se uma jovem de 15 anos.

Na mensagem deste sábado, Volodymyr Zelensky adiantou que todos os andares do prédio ficaram danificados. O Presidente ucraniano disse que foi possível salvar dezenas de residentes “feridos” e “traumatizados”, que estão a receber tratamento. “Entre eles há crianças, a mais nova é uma menina de três anos. E estes são os números por enquanto.”

“A limpeza dos destroços está ainda a decorrer e vai continuar durante a noite. Ainda não se sabe quantas pessoas estão debaixo dos destroços. Infelizmente, a contagem dos mortos aumenta a cada hora… As minhas condolências aos familiares e amigos [das vítimas]”, declarou o Presidente.

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Uma outra pessoa morreu na cidade de Kryvyi Rio, também na região de Dnipropetrovsk, após um prédio ter sido também atingido.

Missile attack on residential building in Dnipro amid Russia-Ukraine war

(State Emergency Service of Ukraine/Handout/Anadolu Agency via Getty Images)

Várias localidades ucranianas foram este sábado atacadas pelas forças russas. Os sistemas de defesa antiaérea foram ativados nas regiões de Mykolaiv, Odessa, Kharkiv e Lviv, comunicaram as respetivas administrações militares. Zelensky revelou que foram disparados mais de 30 mísseis pelas forças russas contra o território ucraniano. Desses mísseis, mais de 20 foram abatidos. Segundo o The Kyiv Independente, este foi o décimo ataque massivo da Rússia contra a Ucrânia desde 10 de outubro de 2022.

Os bombardeamentos atingiram zonas residenciais e infraestruturas estratégicas. O ministro da Energia ucraniano informou que os ataques atingiram centrais elétricas em seis regiões, incluindo em Dnipropetrovsk, provocando falhas de energia em grande parte do país. Os ataques vão tornar os próximos dias “difíceis”, disse Herman Halushchenko.

Zelensky garantiu que as equipas de manutenção estão a fazer “tudo o que é possível para restaurar a eletricidade e o fornecimento o mais rapidamente possível” nas zonas afetadas, frisando “que os trabalhos vão continuar a contra-relógio”. O Presidente da Ucrânia disse que os responsáveis  por “este terror” serão encontrados e responsabilizados.

Ministro da Defesa ucraniano acusou Rússia de violar leis internacionais

O ministro da Defesa da Ucrânia, Oleskii Reznikov, acusou a Rússia de violar os princípios da lei internacional dos direitos humanos ao atingir e destruir um edifício de nove andares em Dnipro. “‘Estava apenas a seguir ordens’ não serve de desculpa, criminosos de guerra”, afirmou no Twitter.

O número de feridos indicado por Reznikov (39) é referente aos primeiros dados fornecidos pelas autoridades.

Ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano pediu sanções que “matem” indústria de mísseis e drones russa

Por sua vez, o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano instou o G7 e a União Europeia a “matar” a indústria de mísseis e drones da Rússia, impondo fortes sanções.

“Cada onda de mísseis esgota ainda mais os stocks russos. Mas eles ainda são capazes de produzir novos. Podemos e devemos acabar com a sua indústria de mísseis e drones através de um ataque massivo de sanções”, escreveu Dmytro Kuleba, numa mensagem divulgada na rede social Twitter.

Os ataques russos deste sábado aconteceram pouco depois de o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, ter falado por telefone com o Presidente ucraniano para lhe comunicar que o Reino Unido vai intensificar o apoio à Ucrânia com “envio de tanques ‘Challenger 2’ e sistemas de artilharia adicionais”.

O Reino Unido será a primeira potência ocidental a enviar tanques de primeira linha para Kiev, que tem multiplicado os pedidos de envio de material e equipamento militares, apesar dos receios da NATO de que a decisão possa ser considerada pela Rússia como uma escalada da guerra.

A diplomacia russa garantiu já que o envio dos tanques para a Ucrânia vai apenas “intensificar os combates”, referindo que existem poucas hipóteses de mudar a situação no campo de batalha.

“O envio de tanques não vai, de forma alguma, acelerar o fim das hostilidades militares, mas apenas intensificá-las, causando mais baixas”, declarou a Embaixada da Rússia em Londres num comunicado, acrescentando que é “pouco provável” que os tanques britânicos ajudem o exército ucraniano a “virar a situação”.

Artigo atualizado às 23h11 com as informações divulgadas por Volodymyr Zelensky. Novo balanço de feridos e mortos atualizado às 10:17 de 15 de janeiro.