Joaquin El Chapo Guzmán está preso nos Estados Unidos, na prisão de alta segurança do Colorado e, ao longo dos últimos anos tem reclamado da forma como a justiça norte-americana está a tratá-lo. Agora, chegou mais uma reclamação e aquele que é um dos narcotraficantes mais conhecidos do mundo decidiu enviar uma carta ao embaixador mexicano nos Estados Unidos, através do seu advogado.
“Não vê a luz do dia”, disse o advogado de El Chapo ao jornalista Ciro Gómez Leyva, citado pelo El País. O antigo líder do Cartel de Sinaloa, que foi condenado a prisão perpétua, queixa-se das condições em que vive numa das prisões de alta segurança norte-americana e pede ajuda ao atual Presidente do México.
Narcotraficante mexicano “El Chapo” quer anular condenação a prisão perpétua
“O que pede especificamente a López Obrador é que tenha atenção à violação dos direitos do Governo de Peña Nieto e, mais especificamente, Luis Videgaray, então secretário dos Negócios Estrangeiros, ao entregá-lo, violando a sua garantia de audiência para que fosse julgado em Nova Iorque sem poder ser defendido no México”, explicou o advogado. Quando El Chapo foi detido, em 2016, Enrique Peña Nieto estava no poder e mandou o narcotraficante para os Estados Unidos. Para o advogado, não foi cumprida a lei da extradição, já que El Chapo não teve direito a defesa ainda em território mexicano.
A defesa de El Chapo diz ainda que, “desde que Guzmán chegou aos Estados Unidos, encontra-se confinado, recebendo tratamento cruel”. “Tem estado isolado, sem ter contacto com pessoas, separado numa cela, sem que os guardas possam comunicar com ele em espanhol. Uma ofensa à dignidade humana, uma violação aos direitos humanos e liberdades fundamentais.”
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A carta vai mais longe nos detalhes e é especificado que, durante os seis anos de prisão, El Chapo nunca saiu da cela “para ver o sol, nem sequer um minuto”.
Carta enviada no dia em que começa julgamento importante nos EUA
A carta do narcotraficante foi enviada no dia em que começou, em Nova Iorque, o julgamento do general García Luna, considerado um dos homens mais influentes do governo mexicano e que foi detido em 2019, no Texas.
García Luna está acusado de ter recebido milhões de dólares em subornos do Cartel de Sinaloa, liderado na altura por El Chapo, para que fosse possível transportar droga para os Estados Unidos. Os subornos terão ocorrido entre 2006 e 2012, quando García Luna ocupava o cargo de secretário de Segurança Pública.