Foi uma das raras oportunidades para os adeptos europeus da NBA verem um jogo da liga norte-americana de basquetebol a horas que não prejudiquem (muito) os compromissos laborais do dia seguinte. Detroit Pistons e Chicago Bulls defrontaram-se, esta quinta-feira, em Paris, num jogo com larga história na competição desde os anos 90 que terminou com a vitória confortável da antiga equipa de Michael Jordan por 126-108 e onde o jogador que mais se evidenciou apenas assistiu.

Victor Wembanyama chega à NBA dentro de um ano – mas já a deixou doida. Quem é o francês de 2,20m a quem LeBron chama “alien”

Demar DeRozan (26 pontos, nove ressaltos e cinco assistências), Zach LaVine (30 pontos, cinco ressaltos e quatro assistências), Nikola Vucevic (16 pontos, 15 ressaltos e seis assistências) ou Bojan Bogdanovic (25 pontos, cinco ressaltos e três assistências), por muito que tenham feito, não conseguiram sobressair face aos 2,21m de jogador que estavam sentados na primeira fila.

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Victor Wembanyama, de apenas 19 anos mas com uma envergadura 2,36m, está a ser projetado como a escolha número um do draft  da NBA de 2023. Devido ao perfil morfológico, é difícil passar entre os pingos da chuva. O basquetebolista francês do Metropolitans é apontado como um talento que pode vir a ter impacto na liga norte-americana de basquetebol por apresentar características invulgares, entre as quais se destacam a agilidade, técnica e capacidade de lançamento que consegue ter no reportório mesmo com a altura que apresenta. Nem Magic Johnson, a lenda dos Los Angeles Lakers que esteve em Paris para assistir ao jogo e foi cinco vezes campeão da NBA e três vezes MVP da liga, resistiu em abordar aquele que considera ser o “melhor jogador do mundo”.

Wembanyama pode até ter assistido ao jogo da sua futura equipa. Os Detroit Pistons têm o pior registo da Conferência Este e o terceiro pior de toda a NBA com 12 vitórias e 36 derrotas. As regras do draft promovem que as piores equipas do ano anterior fiquem com maior probabilidade de ter as primeiras escolhas. Por isso, é expectável que, até ao final da época regular algumas equipas percam jogos de forma propositada (tanking) de modo a terem mais hipóteses de ficarem com o jovem fenómeno. Num cenário ideal, os Pistons podem juntar o poste ao base Cade Cunningham, primeira escolha do draft de 2021 que vai falhar o resto da temporada devido a lesão, e ao também francês Killian Hayes.

A visita da mais conhecida da competição de basquetebol do mundo a Paris faz parte da NBA Global Games, uma iniciativa que procura internacionalizar a marca da liga norte-americana. Atualmente, 120 dos cerca de 450 jogadores da liga norte-americana não nasceram nos Estados Unidos. “Não quero comparar isto ao All-Star Game (encontro entre o melhores jogadores votados pelo público, atletas, treinadores e imprensa), mas é o mais próximo que temos de um All-Star Game europeu”, comentou o comissário da NBA, Adam Silver. Mesmo que o impacto não seja o mesmo, muitas celebridades aproveitaram a segunda vinda da NBA a Paris em jogos da fase regular da prova para estarem presentes junto de algumas das maiores estrelas.

Dentro do meio do basquetebol, Tony Parker, antigo jogador e campeão que se destacou nos San Antonio Spurs, e Joakim Noah, que fez 572 jogos pelos Bulls. Outra das presenças mais notadas foi a de Gerard Piqué, o ex-FC Barcelona que tem investido nos seus negócios desde que abandonou o futebol. Em Paris, antes de assistir ao jogo, Piqué marcou presença numa festa organizada por uma empresa de ligas fantasy, da qual é investidor desde 2020, e a NBPA, associação de jogadores da NBA. Também os pilotos da Fórmula 1, Charles Leclerc, Pierre Gasly e Esteban Ocon ocuparam os lugares com melhor vista no pavilhão. Lil Baby e Pharrell Williams, na música, e Stella Maxwell, Irina Shayk, Karlie Kloss e Naomi Campbell, na moda, foram outros dos nomes que se destacaram na Accor Arena.

O encontro entre Bulls e Pistons marcou o regresso do franchise de Chicago a Paris. Em 1994, liderada por Michael Jordan, a equipa visitou a capital francesa para disputar jogos de pré-época.

Para os Bulls, em especial para Derrick Jones Jr., Paris foi mesmo a cidade do amor. O extremo de 25 anos pediu a namorada em casamento enquanto em frente de toda a equipa.

Devido ao rigoroso protocolo de combate à pandemia aplicado pela NBA às equipas, desde janeiro de 2020, quando os Milwaukee Bucks e os Charlotte Hornets se defrontaram também em Paris, que a competição não realizava os tradicionais jogos fora dos EUA. Esta época, o México já tinha recebido a visita da NBA para um jogo entre Miami Heat e San Antonio Spurs.