O governo indiano saiu em ataque ao canal britânico BBC por um documentário sobre o líder do país. O trabalho da estação britânica aborda a liderança do primeiro-ministro, que segue a crença hindu, e foca os motins de Guzarate em 2022 que vitimaram mais de mil pessoas, maioritariamente muçulmanas.

O canal indiano NDTV referiu, citando pessoas com conhecimento direto sobre o assunto, que o governo indiano pediu expressamente a redes sociais como o Twitter ou o YouTube que retirassem da Índia os conteúdos sobre o documentário da BBC. Segundo escreve o Deutsche Welle, o ministério da Informação e Transmissão salientou que as redes sociais “seguiram as diretrizes”.

O canal britânico defendeu a reportagem. Sublinha que foi feita após um inquérito relacionado com os motins de 2002, sendo a primeira parte relacionada com o acontecimento e com a maneira como Modi, na altura ministro-chefe do estado de Guzarate (província que faz fronteira com o Paquistão), lidou com o assunto.

restante documentário fala da maneira como o agora primeiro-ministro indiano se tem relacionado com a população muçulmana do país, desde a sua reeleição em 2019. A BBC defendeu que “Índia: A questão de Modi” foi “rigorosamente investigado de acordo com os mais elevados padrões editoriais”.

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O canal deixou a declaração de que o tema foi abordado com várias vozes e diferentes opiniões, de entre elas pessoas do Partido Popular Indiano, que está no poder. Ressalvou ainda que o governo teve oportunidade para responder à reportagem e não o fez.

Já o Ministério dos Negócios Estrangeiros indiano fala numa “peça de propaganda concebida para fazer passar uma narrativa particularmente desacreditada”, alegando a “mentalidade colonial” que os britânicos ainda têm, de acordo o Deutsche Welle. A alegada censura do governo indiano recebeu críticas da oposição. Um deputado da oposição refere que “É pena que o imperador e os cortesãos da maior democracia do mundo sejam tão inseguros“.

De acordo com o canal NDTV, Rishi Sunak, primeiro-ministro britânico e de descendência indiana, sublinhou que “não concorda com a caraterização” que a reportagem faz de Modi, homólogo indiano.

O partido que está no poder, conhecido como BJP (Bharatiya Janata Party), é o maior partido do governo indiano. O The Guardian descreve-o como representando a ala direita do nacionalismo hindu, numa nação onde 80% segue esta religião do partido e 14% são muçulmanos.