Com notícias de buscas e denúncias a incidirem sobre a governação socialista na Câmara de Lisboa, o primeiro-ministro joga em antecipação e, tendo sido autarca no município por oito anos, garante já: “Não temo rigorosamente nada, se houver investigações a fazer aos meus mandatos, que sejam feitas. Aguardarei com serenidade”.
Não há, até agora, nenhum caso noticiado que chegue ao seu tempo, mas sim ao do seu antecessor na autarquia, Fernando Medina, que é agora um dos ministros centrais no seu Governo. Nas declarações que prestou aos jornalistas, Costa defende-o, bem como a outro ministro, Duarte Cordeiro, ex-vereador na autarquia..
“Não conheço qualquer envolvimento do ministro das Finanças em buscas nenhumas, o que sei é que houve um conjunto de buscas à CML, vejo que a PGR deu notícia e fez comunicado a dizer que havia três pessoas e três empresas arguidas, sei que o ministro não é arguido. Não foi sequer ouvido e, se for, será. Ninguém está acima da lei”, afirmou Costa aos jornalistas em Carnaxide, depois do lançamento da primeira pedra para a construção de um parque habitacional.
Sobre Medina — que já tinha protegido no outro caso polémico, o da TAP — e a contratação de Joaquim Morão pela CML, Costa disse também que o país deve “habituar-se a que as entidades judiciárias funcionem com normalidade” e que as instituições da Justiça “não devem ser objeto de ataque político”.
E quando questionado sobre se não teme que as investigações cheguem ao seu próprio período de governação como autarca, o primeiro-ministro respondeu: “Não temo nada, fui presidente de CML durante oito anos, entrei, estive e sai com a consciência absolutamente tranquila”. E ainda atirou: “Façam a investigação toda, não temo rigorosamente nada.”
Ainda aproveitou o momento para explicar longamente como as “câmaras municipais são as entidades mais sindicadas e onde há mais investigações”, pelo valor dos contratos com que lidam e pelas auditorias de que são alvo de várias entidades. Deu até o exemplo de um seu antecessor, Carmona Rodrigues, e como foi alvo de processos crimes por três vezes e foi considerado inocente.
Já sobre o caso mais atual e que levou a buscas na CML e suspeitas sobre financiamento do PS a partir dos contratos celebrados, Costa separa Duarte Cordeiro, o seu ministro do Ambiente, de qualquer envolvimento.
“Não teve nada a ver com contratação do comendador Joaquim Morão, nem acompanhava as funções”. E como líder do PS garantiu que Cordeiro “nunca foi responsável pela gestão financeira do PS ou angariação de fundos” e que o partido já esclareceu que “todo o seu financiamento é público e todos os financiadores estão pessoalmente identificados” não tendo sida “sinalizada qualquer irregularidade”.