A primeira versão idealizada para o altar-palco onde o Papa Francisco vai realizar a missa final na Jornada Mundial da Juventude (JMJ) incluía contentores e não necessitava de fundações, revela, em entrevista ao jornal Público, José Sá Fernandes, coordenador do grupo de projeto de preparação do evento, que também se mostrou surpreendido pelo valor da infraestrutura.
“A primeira solução que tínhamos era com contentores e não implicava nenhuma fundação. Não gostaram dessa solução. A própria SRU [a empresa municipal de obras de Lisboa] fez outro projeto, que também não exigia fundações, em maio do ano passado”, recordou José Sá Fernandes, que sublinhou que o altar não é uma coisa que “nasceu agora”.
O coordenador revelou-se “surpreendido” com o projeto do altar-palco que foi adjudicado à Mota-Engil, porque este exigia “fundações”, cujo valor se aproxima de um milhão de euros. “E só existe para segurar uma pala, uma cobertura enorme”, notou José Sá Fernandes, que também sublinhou que a própria estrutura “ficou mais cara”. “Aquela cobertura custa muito mais do que outra que já tinha sido equacionada.”
José Sá Fernandes também recordou que não partilharam consigo a versão final do altar-palco. “Paciência”, reagiu, apelando, contudo, a que se tente fazer “o melhor projeto possível”.
No entanto, o coordenador concorda com Marcelo Rebelo de Sousa de que Portugal deve ter “espírito de parcimónia e tentar o melhor possível”. “Mas não vou fazer juízos dessa natureza. Eu tenho aqui uma grande responsabilidade. Não posso estar a interferir nas tarefas dos outros. Posso dizer honestamente que fiquei surpreendido. Pensava que era mais barato.”
Sobre a articulação da JMJ com outros organismos, José Sá Fernandes admitiu que “tem tido altos e baixos”, mas tem corrido “razoavelmente bem”. “Eu tenho de saber o que é que está a acontecer, o que é que faz falta. O que eu não tenho de me meter é nos procedimentos. Os procedimentos da câmara são eles que tratam. Isso é separação dos poderes. Eu não me meto nas autarquias”, rematou.