Devem ser poucos os sacrifícios que um tenista profissional não faria para ganhar um título do Grand Slam. Quando numa final se joga mais do que o registo de propriedade de um troféu relativizam-se ainda mais as dificuldades.

O único adversário de Djokovic é mesmo Djokovic: sérvio chega à final do Open da Austrália pela décima vez (e ganhou sempre)

“O meu nível de energia nesta fase do torneio é perfeito é 110%”, afirmou Novak Djokovic após conseguir um lugar na final do Open da Austrália ao bater Tommy Paul em três sets (7-5, 6-1 e 6-2). Pela frente, o sérvio vai ter Stefano Tsitsipas que derrotou Karen Khachanov em quatro parciais renhidos (7-6 com 7-2, 6-4, 6-7 com 8-6 e 6-3) antes de assegurar presença no jogo decisivo. “Vou agarrar esta oportunidade”, disse o grego convicto sobre a sua segunda participação numa final de um torneio do Grand Slam.

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Open da Austrália: Stefanos Tsitsipas na final após vencer Karen Khachanov

Na final entre Djokovic e Tsitsipas vai estar em jogo não só a conquista do Open da Austrália, mas, ao mesmo tempo, cada bola vai ser batida com o intuito de subir ao topo do ranking ATP. À entrada para o torneio Djokovic ocupava o quinto lugar e Tsitsipas o quarto. Na ausência de Carlos Alcaraz, líder da classificação, devido a problemas físicos, o vencedor torna-se no número um mundial no lugar do espanhol.

Como se liderar o ranking não fosse suficientemente aliciante, Novak Djokovic tem a possibilidade de, se vencer, igualar o recorde de Rafael Nadal com 22 Grand Slams conquistados e diz que “ganhar Majors e ser número 1 do mundo são os dois maiores picos que podes desejar como tenista profissional”. Em simultâneo, o tenista de 35 anos pode alargar para dez o número de vezes que conquistou o Open da Austrália, algo que mais ninguém conseguiu. No caso de Stefano Tsitsipas, o jogador de 24 anos tem oportunidade de conquistar o seu primeiro torneio do Grand Slam.

A história dos dois em grandes finais não se cruza pela primeira vez em Melbourne. Em 2021, Djokovic e Tsitsipas jogaram o encontro decisivo de Roland Garros naquela que foi a primeira vez do grego na decisão de um dos maiores torneios da modalidade, num jogo em que, apesar de ter estado a ganhar por dois sets, não conseguiu vencer. A final de Paris acabou por marcar a campanha dos dois atletas ainda que, por lapso ou jogos mentais, o encontro tenha caído no esquecimento.

Tsitsipas será um deus mas Djokovic não é humano: sérvio conquista Roland Garros em cinco sets e fica a um Grand Slam do recorde

Quando ainda não sabia que se haveriam de encontrar na final do Open da Austrália, Djokovic deixava a sua opinião em relação ao lote de jogadores presentes nas rondas mais adiantadas do torneio, sendo que acabou por trazer o nome de Stefano Tsitsipas à discussão. “Tsitsipas é provavelmente o mais experiente dos jogadores que estão nos quartos de final. Já jogou as últimas eliminatórias de Grand Slams algumas vezes. Acho que ele nunca jogou em finais, estou errado?”. Depois dos jornalistas presentes na conferência de imprensa o recordarem da partida entre os dois em França, o sérvio retratou-se. “É verdade, é verdade. Culpa minha”.

Mais à frente na competição, ainda a pisar o court, após ter vencido Tommy Paul na meia-final, Djoker foi questionado sobre a reedição da final de 2021 do Roland Garros e já se mostrou mais lúcido em relação ao momento. “Ganhei esse jogo, por isso, as minhas recordações são muito positivas. Foi uma batalha muito física, mental e emocional, como é sempre com o Stefanos. Respeito-o muito. Tem evoluído muito ao longo dos anos. É um dos jogadores mais interessantes no tour. No domingo, é a doer. Deixemos que o melhor jogador ganhe”, analisou.

No entanto, do lado de Tsitsipas, o passo atrás de Nole não parece ter sido suficiente para resolver a rivalidade. Quando foi abordado sobre as declarações de Djokovic em que dizia que se tinha esquecido do jogo, o grego foi perentório: “Também não me lembro”. Fazendo a antevisão à final do Open da Austrália, o tenista mostrou confiança para bater o adversário mais experiente. “Estou a jogar bom ténis. Estou a divertir-me. Não fico negativo com o que faço mesmo que as coisas não estejam a correr bem. Acredito genuinamente no que consigo produzir”, destacou.

Com o peso dos 35 anos e um problema na perna esquerda que obrigou a cancelar treinos e a ser assistido nos encontros iniciais, o fator físico é um aspeto que pode ser decisivo para Djokovic no desfecho do Open da Austrália. “Claro que não estou tão fresco como no início do torneio. Trabalhei muito nas férias para estar nas melhores condições em jogos à melhor de cinco. A experiência ajuda. Não temos muito tempo entre os pontos. Sentimos muito os rallies mais longos”, comentou o número cinco do ranking.

O oponente mais jovem chega ao jogo decisivo motivado. “Via as finais na televisão e dizia que um dia queria estar ali. Queria sentir aquilo. Sabia que era uma longa jornada. Mas eu acreditava. Provei a mim próprio vezes sem conta que era bom”, contou Tsitsipas.

O confronto entre os dois vai para o 12.º capítulo, sendo que, em piso duro, o passado é favorável a Tsitsipas. Ainda assim, no total dos encontros, Djokovic venceu dez. Esta vai ser a sexta final entre os dois, sendo que todas as anteriores foram vencidas pelo sérvio. Stefano Tsitsipas pode-se tornar pela primeira vez na carreira no número um do mundo. Novak Djokovic, em caso de vitória, vai regressar ao topo, onde não está desde junho de 2022.