A companhia britânica Flybe anunciou este sábado o cancelamento de toda a sua operação por ter entrado em insolvência. Através de um comunicado difundido pelas redes sociais, a companhia revelou que o processo de insolvência da empresa — de que a atual CEO da TAP, Christine Ourmières-Widener, foi CEO entre 2017 e 2019 — está, a partir deste sábado, a ser administrado por David Pike e Mike Pink, da consultora Interpath.

“Todos os voos da Flybe de e para o Reino Unido estão cancelados e não vão ser remarcados”, lê-se ainda no comunicado da companhia aérea, que já tinha passado por graves dificuldades financeiras em março de 2020, devido à paragem do tráfego aéreo motivado pela pandemia da Covid-19, antes de ser comprada por um fundo americano.

De acordo com a BBC, um total de cerca de 75 mil passageiros viram os seus voos cancelados sem hipótese de remarcação para outras companhias aéreas. Só este sábado, cerca de 2.500 pessoas tinham voos marcados para a companhia aérea — e a autoridade britânica para a aviação civil (CAA) aconselhou todos os passageiros a não se deslocarem sequer para os aeroportos para tentar embarcar nos seus voos.

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Classificando a falência de uma companhia aérea como “triste”, um dos responsáveis da CAA, Paul Smith, assumiu que a decisão da Flybe seria disruptiva para todos os seus funcionários e clientes. “Apelamos aos passageiros que planeiam viajar com esta companhia aérea para que não vão para o aeroporto, uma vez que todos os voos da Flybe estão cancelados. Para o aconselhamento mais atualizado, os clientes da Flybe deverão visitar o site da CAA ou o nosso Twitter para mias informação.”

A BBC explica ainda que, dos 321 funcionários da Flybe, 277 deixaram de ser necessários e vão perder o seu emprego.

Ao contrário do que acontece noutras circunstâncias em que há voos cancelados, a insolvência de uma companhia aérea não dá lugar à remarcação dos voos dos clientes em outras companhias aéreas — e a Flybe já disse que não está em condições de ajudar os passageiros a obter bilhetes para viagens alternativas.

Ainda assim, já começaram a surgir alternativas para os passageiros. A British Airways já anunciou que está a apoiar os clientes da Flybe que viram os seus voos cancelados, oferecendo descontos nas passagens para um conjunto de rotas servidas por aquela companhia aérea: são bilhetes entre as 50 e as 60 libras, a que se somam as taxas, e que incluem uma bagagem de porão de 23 quilogramas.

Por outro lado, a companhia ferroviária pública LNER também já anunciou que os clientes da Flybe que viram os seus voos cancelados podem usar os serviços da ferrovia gratuitamente para os seus destinos, bastando para isso que apresentem a passagem aérea respetiva.

A Flybe, companhia aérea regional que opera maioritariamente voos domésticos dentro do Reino Unido, mas também voos para Amesterdão e Genebra, tinha entrado em insolvência em março de 2020, na sequência da crise da aviação provocada pela pandemia da Covid-19. Na altura, a falência da Flybe foi vista por muitos como um prenúncio de uma onda de falências de companhias aéreas na sequência da pandemia.

Contudo, a Flybe foi comprada por um fundo americano e voltou à atividade em abril de 2022 — não durando sequer um ano nesta nova fase.

Entretanto, a CAA já publicou um conjunto de recomendações específicas para os clientes afetados pela falência da Flybe, que pode ser consultado aqui.