“Sabia que ia ser uma luta dura. Estava pronta para tudo. Estava melhor no combate mas não sei o que faltou. Eu juro, preparei-me muito, abdiquei de muita coisa. Foi difícil estar aqui e estava pronta para todos os combates, estava pronta para ser campeã. Não consigo… Sei que tenho de ser grata pela minha vida, mas hoje estou até com vergonha porque foi uma nação que acreditou em mim e acho que dececionei Portugal. Só queria pedir desculpa a todos os portugueses que acreditaram em mim. Juro que dei o máximo, se não foi o suficiente, peço desculpa. Quero pedir desculpa aos meus amigos de treino, à minha família. Acho que fui uma deceção. Agora só preciso descansar e treinar. Sei que ainda é possível, falta três anos para os próximos Jogos, para representar melhor ainda”, lamentava Rochele Nunes nos Jogos de Tóquio.

Judoca Rochele Nunes conquista medalha de prata no Grand Slam de Baku

A atleta do Benfica apostava forte numa medalha olímpica mas acabou por cruzar logo na segunda ronda com a número 1 da categoria de +78kg, a cubana Idalys Ortiz. Perdeu. Ainda assim, e entre a tristeza normal do momento, deixou quase uma promessa interna de que iria voltar aos Jogos e faria ainda mais por esse pódio. Pouco depois, em outubro de 2021, acabou em quinto no Grand Slam de Paris. A seguir, por lesão, teve de parar. E esteve quase um ano de fora, com todas as dúvidas que a paragem acabou por levantar.

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Quando voltou, no Open Europeu que decorreu em Riccione (Itália), Rochele superou todas as expetativas e terminou no quinto lugar quando a ideia passava apenas por ir regressando aos poucos aos combates até recuperar a forma antes da complicada lesão no joelho. No mês seguinte, ganhou a medalha de bronze no Grand Slam de Abu Dhabi. No mês seguinte a esse, conquistou a prata no Grand Slam de Baku. A atleta de 33 anos como que ganhara uma segunda vida antes do arranque do ciclo olímpico para Paris-2024.

Bronze para Rochele Nunes no Grand Slam de judo de Abu Dhabi

Agora, a atleta do Benfica começava o ano de 2023 no Circuito Mundial com a presença no Grande Prémio de Portugal, que tinha este domingo o terceiro e último dia em Almada. E, depois de ficar isenta da primeira ronda pelo atual 11.º lugar no ranking mundial de +78kg, não foi dando hipóteses no caminho até à final, vencendo por ippon a brasileira Giovanna Santos (140.ª), por castigos a francesa Valentine Marchand (85.ª) e novo por castigos a cazaque Kamila Berlikash (15.ª). No combate decisivo, Rochele Nunes tinha pela frente a sul-coreana Hayun Kim, oitava melhor do mundo, conseguiu responder a uma melhor entrada da judoca asiática ao marcar um waza-ari mas perdeu logo de seguida por imobilização (ippon).

Entre os outros portugueses do dia, e além da medalha de ouro de Patrícia Sampaio, nota para a participação do regressado Célio Dias em -100kg, ganhando os primeiros combates com o britânico Harry Lovell-Hewitt e o usbeque Shermukhammad Jandreev antes de perder com o sérvio Bojan Dosen. Carolina Paiva, Beatriz Paiva (-78kg), Ricardo Serrão (-90kg), Diogo Brites, Ailton Cardoso, Guilherme Silva (-100kg) e Vasco Rompão (+100kg), os outros portugueses em ação no último dia, perderam no primeiro combate. Este sábado, Bárbara Timo tinha conseguido a outra medalha de ouro nacional neste Grande Prémio em -63kg.

A maior vitória de uma carreira (até agora, claro): Patrícia Sampaio conquista medalha de ouro no Grande Prémio de Portugal