Depois de aprovada em reunião da Câmara, a contratação de um empréstimo de 15,3 milhões de euros que irá financiar parte do projeto da Jornada Mundial da Juventude deveria ter sido votada esta terça-feira na Assembleia Municipal de Lisboa, mas a votação foi adiada para a próxima reunião, por falta de tempo para concluir todos os trabalhos. Consultados cinco bancos, foi a Caixa Geral de Depósitos que apresentou “a proposta mais vantajosa para o município”, segundo o documento votado esta terça-feira.

O assunto foi discutido durante toda a tarde e o Bloco de Esquerda, pela deputada Isabel Pires, quis saber como é que serão assegurados os serviços públicos para os lisboetas, durante a primeira semana de agosto, como os transportes públicos. “Se não está nada previsto, parece-nos um mau sinal.” E, sobre transparência e falta de informação relacionada com os projetos para a JMJ, o deputado municipal Manuel Lage, do PS, acrescentou que este “é o custo da ineficácia da gestão do executivo municipal”. O PS garantiu que, apesar destas questões, ao contrário daquilo que será o voto do Bloco de Esquerda, “viabilizará este empréstimo”. “Não inviabilizaremos, não votamos contra e estamos muito confortáveis com o nosso sentido de voto”, acrescentou o deputado socialista.

JMJ: Lisboa vai contratar empréstimo de até 15,3 ME para financiamento de obras

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Já o executivo da Câmara Municipal de Lisboa rejeitou estas críticas e o vice-presidente do município Filipe Anacoreta Correia garantiu que, “deste executivo, terão toda a transparência” e aproveitou para lançar críticas ao mandato de Fernando Medina: “Não o faremos em dezembro de 2024”. “Darei a informação que me for pedida nos termos da lei e para além da lei”, acrescentou.

Estamos em condições de fazer um investimento de 35 milhões de euros. O dinheiro que vamos gastar no Trancão é investimento na cidade. Não estamos a investir em oração, estamos a investir no Trancão. Estamos a fazer uma estrutura única para um evento que é único.”

Este financiamento tem três objetivos: a obra do Parque Tejo, de 38 hectares, com custo de mais de 10 milhões de euros, a ponte ciclo-pedonal sobre o rio Trancão, que será feita pela empresa municipal EMEL e custa quase quatro milhões, e o parque de estacionamento, de mais de um milhão de euros.

As críticas, feitas ao longo de toda a tarde, foram em todos os sentidos. Depois de José Sá Fernandes, coordenador da Jornada da Juventude nomeado pelo Governo e vereador do antigo executivo de Fernando Medina, ter dito que existiam opções mais baratas para o palco que gerou polémica, precisamente por custar mais de cinco milhões de euros, o vice-presidente da CML a aproveitou para sublinhar que “a Câmara Municipal é que vai fazer”. Por isso, “a Câmara Municipal é que coordena”, avisou Filipe Anacoreta Correia. “Não aceitamos mais pretensos coordenadores que não fazem nada e que não ajudam a resolver nada”, acrescentou.

E Carlos Reis, deputado municipal do PSD, levantou-se para adicionar mais uma camada às críticas: “O presidente da Câmara ganhou um problema e vai resolvê-lo. Quem não é coordenador de facto é o senhor Sá Fernandes. Para nós, é o coordenador da oposição. Ele não está a ser pago para resolver um único problema”.

Primeira versão do altar-palco incluía contentores e não possuía fundações, revela Sá Fernandes

Na sequência da discussão que antecedeu a votação, o PAN quis saber qual o resultado do estudo de impacto ambiental para o terreno onde decorrerá a JMJ: “Onde está? Só Deus sabe”.