O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, lamentou o investimento realizado pelo Estado na Jornada Mundial da Juventude (JMJ). Lembrando o exemplo espanhol, o autarca disse que em Madrid a “sociedade civil pagou tudo”, enquanto em Portugal são as finanças públicas quem acarreta com os encargos do evento. “Há aqui perplexidade quando um país vive destes eventos, destas festas, quando aqui e ali está a cair aos pedaços, como nos barros sociais.”

Em entrevista à Antena 1, Rui Moreira também estranha o facto de ninguém se responsabilizar pelos custos do evento. “Quando Portugal conseguiu a JMJ, vi muita gente apropriar-se dessa vitória, parecia que tínhamos descoberto o caminho marítimo para a Índia”, recordou o autarca portuense, salientando que, quando foram tornados públicos os valores do altar-palco, o evento ficou “órfão de pai e mãe”.

Para além disso, Rui Moreira comparou a situação de Lisboa com a do Porto, referindo que na cidade que governa é “sempre muito mais difícil fazer qualquer coisa” do que na capital, em que se “consegue fazer tudo”.

O Chega, que não deve ser “marginalizado”, e a gerigonça de esquerda

No que diz respeito à política nacional, Rui Moreira considera que não se deve marginalizar o Chega, caso contrário quem ganha com isso é André Ventura. O presidente da câmara considera que isolar o Chega é “objetivamente mau para o sistema político, toda a gente no parlamento tem legitimidade”. No entanto, ressalvou que não queria ver “este Chega” num futuro governo.

Ainda assim, Rui Moreira disse ser “possível” que no futuro possa formar-se uma gerigonça de direita. Sobre as dúvidas que se mantêm sobre a viabilidade deste acordo político, o autarca lembrou também a gerigonça de esquerda levanta questões relacionadas com o seu “conceito de democracia”. “Alguma das práticas quer do PCP, quer do BE — mais até — estão muito longe do meu conceito de democracia.”

No que diz respeito ao papel do Presidente da República, Rui Moreira é da opinião que Marcelo Rebelo de Sousa tem uma posição “demasiado explicativa”. “Vai longe demais em algumas matérias. Parece-me que o excesso de opinião condiciona o Governo”, notou o autarca, que também opina que o exercício da maioria PS talvez não esteja a ser “completamente exercido”.

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