A Nissan anunciou, através do seu vice-presidente para a Investigação e Desenvolvimento (I&D) para a Europa, David Moss, que continua a esperar estar em condições de lançar no mercado as suas baterias sólidas em 2028. Antes disso, o construtor japonês pensa ter pronta uma fábrica-piloto já em 2025, com todo o trabalho de desenvolvimento das células despachado em 2026.
Estes dados foram transmitidos por Moss numa entrevista à britânica Autocar, em que realçou o potencial das baterias sólidas, por oposição às actuais que utilizam electrólito líquido, com David a sublinhar que as baterias sólidas não têm tendência para arder quando algo corre mal, ou aquecer excessivamente quando se aumenta a potência de carregamento ou dos motores. Daí que o responsável no Velho Continente pela I&D da Nissan anteveja potências de recarga três vezes superiores. Mas Moss refere-se ao triplo da potência tendo em conta os valores da Nissan, uma vez que menciona um limite de 400 kW e não o máximo do mercado, actualmente nos 350 kW, ou 1000 kW, se considerarmos o tractor Semi da Tesla.
Paralelamente, a Nissan anuncia o dobro da densidade, o que se pode traduzir pelo dobro da energia (e de autonomia) para o mesmo volume ou peso, vez que o David Moss não especifica. O homem da I&D avança ainda que as novas baterias custarão metade do valor das actuais de iões de lítio.
Para esta fase de desenvolvimento, a Nissan conta com a colaboração dos engenheiros da marca e dos cientistas da Universidade de Oxford que, em conjunto, criaram células com 10 centímetros quadrados, apontando para que as células definitivas tenham uma dimensão similar às de um computador portátil.
A Nissan não é o primeiro construtor a acreditar que em breve poderá ter acesso a baterias sólidas, uma vez que todos trabalham nesta tecnologia, tendo a Toyota e a BMW anunciado projectos similares. Mais importante do que isto, não há fabricante de baterias que não trabalhe afincadamente no desenvolvimento deste inovador tipo de acumulador. Até agora sem sucesso, apesar de uns anúncios aqui e ali que, depois, se revelam excessivamente optimistas.
E mesmo depois de se conseguir fabricar um protótipo de bateria sólida que funcione em laboratório, é necessário conseguir produzir a bateria em série, sabendo que a industrialização é muitas vezes um obstáculo difícil (ou impossível) de ultrapassar. A portuguesa Maria Helena Braga, a reputada investigadora da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, é um bom exemplo das dificuldades criadas pela industrialização. Em 2017, Helena Braga anunciou que, conjuntamente com o pai das baterias de iões de lítio, o norte-americano John Goodenough, tinha desenvolvido uma bateria sólida funcional com um electrólito de vidro, com eficiência demonstrada em testes laboratoriais. Lamentavelmente, apesar de todo o esforço dos cientistas, a bateria sólida ainda não conseguiu passar à produção em série. Seria óptimo para a indústria automóvel (e para a marca) que o sistema da Nissan conseguisse a desejada eficácia e, depois, passasse o teste da industrialização, pois isso significaria um avanço notável para os automóveis eléctricos.