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Chermiti e o bom que é a idade da inocência (a crónica do Rio Ave-Sporting)

Este artigo tem mais de 1 ano

Viu um amarelo, não tocou na bola no último terço em 45', perdeu vários lances mas teve uma virtude: não desistiu. E foi assim, com um golpe de um miúdo de 18 anos, que o Sporting se "safou" (0-1).

Chermiti estreou-se a marcar no único remate enquadrado do Sporting no jogo, algo que já não acontecia há 15 meses no Campeonato
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Chermiti estreou-se a marcar no único remate enquadrado do Sporting no jogo, algo que já não acontecia há 15 meses no Campeonato

Ivan Del Val/Global Imagens

Chermiti estreou-se a marcar no único remate enquadrado do Sporting no jogo, algo que já não acontecia há 15 meses no Campeonato

Ivan Del Val/Global Imagens

Não é o aspeto mais normal do mundo num treinador, foi aquele que mais se destacou na antevisão do jogo do Sporting em Vila do Conde. Falando ainda a propósito da grande penalidade nos descontos da goleada ao Sp. Braga, Rúben Amorim fez um mea culpa em relação ao “filme” protagonizado com Pedro Gonçalves e Ricardo Esgaio e deixou mesmo um pedido de desculpas público ao melhor marcador dos leões. “O Pote foi o único adulto na sala, digamos assim. Mais do que eu querer demonstrar a minha autoridade, quero pedir desculpa, ele era o único que estava certo. Fiquei tão contente de ouvir o estádio a gritar o nome do Esgaio que me perdi… Às vezes sou tão emotivo, que quando ouvi gritarem Esgaio perdi a noção do momento e do jogo, exagerei. O Pote fez bem, ele é que tem de bater os penáltis. Quero pedir-lhe desculpa. Tenho de manter a cabeça fria, mas o único que está certo é ele”, referiu ainda a propósito desse “caso” em Alvalade.

Sporting vence Rio Ave com golo aos 84′ de Chermiti e aproxima-se da Champions antes do clássico com o FC Porto

Além de ter chegado à sétima vitória consecutiva em casa para o Campeonato frente a um rival direto na luta pela qualificação para a Champions, o treinador tentou fazer uma extensão da empatia dos adeptos com um dos jogadores mais crucificados pela temporada irregular da equipa. Uns dias depois reconheceu em termos públicos que esteve mal. Ainda assim, e dentro da emoção que superou a razão por alguns segundos, havia algo paralelo que Amorim sentia depois desse final de goleada: estava ali um potencial momento chave para o clique que nunca conseguiu encontrar para travar a tal bipolaridade dos leões na Primeira Liga.  E era isso que esperava capitalizar numa deslocação sempre complicada a Vila do Conde onde o FC Porto perdera.

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“Segredo para melhorar fora? É aumentar o nível… Em casa temos os nossos adeptos, conhecemos bem o nosso estádio, o relvado, o balneário… Isso tem feito a diferença, os jogadores estão confortáveis a jogar em casa. Balneário diferente, se calhar mais frio, isso tem de ser indiferente. Se tivermos de aumentar o nível de concentração e intensidade, terá de ser. Vamos defrontar uma equipa que joga bom futebol, que gosta de ter a bola, que nos complicou o jogo nos primeiros minutos da Taça da Liga. Temos de ter vitórias consecutivas, estamos há meio ano a falar do mesmo, e é importante dar seguimento a isso”, frisou no lançamento de uma partida com o Rio Ave onde tentava quebrar nova série sem triunfos como visitante numa fase em que a equipa verde e branca se adapta às chegadas de Bellerín e Diomande e à saída de Porro.

“A saída do Porro motiva o Esgaio, tem mais espaço. Obviamente que eles sentem mas também já houve uma preparação. Já toda a gente sabia que o Tottenham andava em cima do Porro, ele fala com os colegas. A saída do Matheus Nunes teve muito mais impacto no grupo na altura que foi. Da mesma forma  que perdemos outros jogadores, perdemos Porro e demos boa resposta. Jogamos de forma diferente agora. O Morita não joga da mesma maneira do que o Matheus. Descobrimos algo no Morita que até nos faz criar mais oportunidades de golo e é isso que pretendemos. Sabemos que Esgaio e Bellerín não são tão fortes no um para um como o Porro, se calhar ganhámos concentração defensiva. É olhar para o lado positivo. É preciso dois jogadores para fazer o mesmo? Um para fintar e um para cruzar? É isso que temos de entender. Não estamos dependentes de qualquer jogador. É uma baixa importante mas estaremos preparados”, disse.

Era neste contexto que chegava mais um teste à bipolaridade leonina e à hipótese de capitalizar a goleada frente ao Sp. Braga na antecâmara de um clássico frente ao FC Porto em Alvalade que pode ser fundamental para as contas do acesso à Champions. E era neste quadro que o Sporting procurava a sua primeira vitória fora para o Campeonato desde meio de novembro, sendo que daí para cá apenas jogou com o Marítimo (0-1) e com o Benfica (2-2). Ao todo, e contra os 24 pontos em 27 possíveis em casa, os leões tinham apenas 11 em 27 discutidos jogando como visitantes e mais uma escorregadela começava a colocar em perigo o objetivo mínimo de chegar pelo menos ao terceiro lugar do Campeonato. Pela exibição, que além do golo e de uma bola na trave foi sempre pobre, não merecia, mas um golpe do mais novo “safou” o Sporting.

“Os jogadores também fazem o trabalho de casa e sabem o histórico do treinador. Se houve casos em que jogadores com outro estatuto que não deram tudo e saíram da equipa, imaginem os miúdos. Eles têm uma responsabilidade acrescida porque estamos a arriscar muito e eles têm de corresponder. Cada treino que passa o Chermiti corre mais e a gestão de expetativas está a ser bem feita. A responsabilidade não parte só do treinador e do clube mas também do empresário e da família fazerem esse trabalho. Já percebeu que, ou trabalha sempre no limite, ou não tem hipótese. Até agora tem superado as expetativas, por isso, continua na equipa principal”, destacara antes Amorim. E foi isso que o avançado voltou a fazer: viu logo um amarelo cedo, foi perdendo vários duelos, não tocou uma única vez na bola no último terço em 45′, arriscou um remate que ficou prensado num defesa. Pouco ou nada corria bem a ele e à equipa mas foi o facto de nunca desistir que lhe permitiu ainda aproveitar um raro erro do Rio Ave para fazer o 1-0.

Ficha de jogo

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Rio Ave-Sporting, 0-1

19.ª jornada da Primeira Liga

Estádio do Rio Ave Futebol Clube, em Vila do Conde

Árbitro: Manuel Mota (AF Braga)

Rio Ave: Jhonatan; Pantalon, Josué Sá (Miguel Nóbrega, 73′), Patrick William; Costinha, Miguel Baeza (Hernâni, 65′), Samaris, Guga, Fábio Ronaldo (Paulo Vítor, 80′); Leonardo Ruíz (André Pereira, 65′) e Boateng (João Graça, 73′)

Suplentes não utilizados: Magrão, Sávio, Ventura e Ukra

Treinador: Luís Freire

Sporting: Adán; St. Juste, Gonçalo Inácio, Matheus Reis (Diomande, 87′); Ricardo Esgaio (Jovane Cabral, 75′), Ugarte, Morita, Nuno Santos (Arthur, 55′); Marcus Edwards (Francisco Trincão, 55′), Pedro Gonçalves (Bellerín, 87′) e Chermiti

Suplentes não utilizados: Franco Israel, Neto, Tanlongo e Rochinha

Treinador: Rúben Amorim

Golo: Chermiti (84′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Leonardo Ruíz (14′), Chermiti (18′), Ugarte (77′) e Jovane Cabral (90+4′)

O encontro começou quase ao ritmo do silêncio que ambas as claques cumpriram até ao 12.º minuto, como forma de protesto contra a nova lei da pirotecnia: sem oportunidades, sem lances de potencial perigo, com muitas (ou demasiadas) perdas de bola, com um único remate muito longe do alvo de Ugarte de fora da área que saiu por cima (3′). As duas equipas tentavam criar zonas de pressão em espaços mais adiantados, tinham o condão de perturbar essa primeira fase de construção a partir de trás mas viam os minutos passarem com uma partida aborrecida que nem o aparecimento dos cânticos foi capaz de alterar a nível de dinâmicas. Até os dois primeiros amarelos da partida foram mesmo para avançados (Leonardo Ruíz e Chermiti).

Só mesmo numa segunda bola houve uma situação de real perigo, com Nuno Santos a cruzar da esquerda, a defesa dos vila-condenses a cortar para a entrada da área e Morita a rematar de primeira muito perto do poste da baliza de Jhonatan (23′). Era altura de experimentar outras soluções, como apostar nos passes mais longos para procurar a profundidade do ala, colocar os avançados mais por dentro para haver maior aposta na subida dos laterais ou fazer descer um dos médios para dar outro critério na construção, mas nada era capaz de deitar por terra a monotonia de um encontro sem motivos de interesse e que começava a deixar alguns sinais de impaciência em Rúben Amorim no limite da zona técnica do banco verde e branco.

[Clique nas imagens para ver os melhores momentos do Rio Ave-Sporting em vídeo]

Seriam mesmo 45 minutos para esquecer. Sem história, com um remate relativamente perigoso que nasceu numa segunda bola e não numa zona construída, com muitas perdas incluindo no terço defensivo, com os ânimos a aquecerem de quando em vez nos minutos finais com Boateng a queixar-se de um toque na cara de Ricardo Esgaio e o lateral a não gostar também da pressão do banco contrário após uma falta sobre Fábio Ronaldo. Isso e os constantes assobios dos adeptos da casa sempre que Matheus Reis tocava na bola ainda pela foram como saiu de Vila do Conde eram os únicos momentos capazes de agitar um pouco a bancada, que fugiu ao habitual vento que se faz sentir nos Arcos mas teve um balde de água gelada por aquilo que viu ao longo de 45 minutos, sem um único remate enquadrado e com Chermiti a não ser capaz de tocar uma única vez na bola no último terço ofensivo dos leões. Só por aqui se percebia a monotonia da partida…

A falta de intensidade e de agressividade era demasiado evidente mas aquilo que ficava sobretudo era um deserto de ideias brutal de um Sporting que estava “obrigado” a ganhar tendo em vista a luta por um lugar de acesso à Liga dos Campeões. E se começaram a surgir ténues sinais de uma tentativa de redenção por parte da formação verde e branca (esta noite de negro), a primeira oportunidade da partida acabaria mesmo por pertencer aos vila-condenses, com Boateng a aproveitar uma descoordenação da defesa leonina para surgir isolado na área para um remate rasteiro bem travado por Adán (53′). Rúben Amorim não iria esperar mais e avançava para a primeira dupla alteração, com as saídas de Edwards e Nuno Santos (que mais uma vez estava a ser um dos menos maus da equipa) para as entradas de Francisco Trincão e Arthur.

Pela parte coletiva não ia lá, pelo lado individual ficou mais próximo: Pedro Gonçalves, que foi passando a jogar menos pela esquerda para confundir marcações, fez a diagonal da direita para o meio e rematou de pé esquerdo colocado à trave naquela que era a primeira oportunidade dos leões em… 65 minutos. No entanto, e por mais mexidas que fossem sendo feitas, não houve continuidade. E o “golpe” que decidiu a partida antes das estreias de Bellerín e Diomande surgiu apenas a seis minutos do final, com Gonçalo Inácio a arriscar o passe a queimar linhas que Patrick William não cortou e Chermiti a rematar cruzado para o 1-0 (84′).

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