O Presidente da República considera que “não fazia sentido” acabar com os exames nacionais no final do secundário, em relação à divergência entre ministros noticiada pelo Público sobre o futuro destas provas. E diz ter informações do Governo de que “a questão está superada” e ainda que “se chegou à conclusão que há exames para termo do secundário”.

Em Olhão, onde esteve para uma visita depois da violenta agressão a um jovem nepalês, o Presidente da República foi confrontado com a notícia de quinta-feira passada sobre o desacordo entre o ministro da Educação e a ministra da Ciência: o primeiro propôs acabar com os exames nacionais obrigatórios (fazer só exames para quem quer aceder ao Ensino Superior, como aconteceu na pandemia) e a segunda propôs aumentar o peso da nota desses mesmos exames para o acesso ao Ensino Superior.

“O que sei do Governo é que se chegou à conclusão que há exames para termo do secundário“. O Presidente da República detalha que “outra coisa é a admissão ao Ensino Superior, onde há uma parte que é comum e outra que são as próprias instituições de Ensino Superior a escolherem que tipo de avaliação para o acesso”.

“Está ultrapassado o que veio noticiado como podendo ser divergência ou como não haver avaliação final do secundário”, garantiu o Presidente que logo de seguida considerou que “não fazia sentido deixar de haver avaliação”: “É bom haver avaliação final do secundário”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Também referiu que, em matéria de negociações com sindicatos dos professores sobre as mudanças na carreira que o Governo quer fazer, mesmo onde o acordo está mais difícil “conviria que o ano letivo não ficasse atingido para além das semanas sacrificadas, isso significa muitos milhares de alunos e famílias com um terceiro ano letivo atropelado. E isso cria desigualdades, porque há escolas que continuam a funcionar”, concluiu.

Integração de imigrantes “não está ao ritmo adequado”

O Presidente da República estava a acabar de sair da Escola Secundária Dr. Francisco Fernandes Lopes, em Olhão, onde esteve a dar uma aula a estudantes sobre a importância da “democracia, da solidariedade e da tolerância, do respeito pelos outros, contra a xenofobia e o racismo, sublinhando os direitos das minorias”, de acordo com nota da Presidência.

Na terra onde foi violentamente agredido um imigrante nepalês por um grupo de jovens, Marcelo foi questionado sobre o tema da imigração e voltou à máxima de que “não há europeus puros”. E que nota uma “atitude reativa e defensiva” no país em “relação á diferença”. “Daí à xenofobia é um pequeno passo e temos de estar atentos por isso significa menos democracia e também menos para a nossa experiência emigrante”, avisou.

Marcelo reconhece que a resposta da sociedade portuguesa à imigração “não está a acontecer ao ritmo adequado” e que a expansão do fenómeno deve ser acompanhada pelas estruturas competentes. Aponta também como exemplo deste problema o que aconteceu na Mouraria, em Lisboa, afirmando que “é evidente que, com a circulação que existe e no momento em que a economia portuguesa apela à vinda de emigrantes, porque há portugueses que não aceitam trabalhos em alguns setores, isso implica estruturas adequadas para acompanhar os que chegam para evitar situações extremas”.

Quanto ao caso de Olhão, Marcelo quis assinalá-lo rapidamente, com uma visita ao local (que inclui o restaurante onde trabalhar o imigrante agredido) “para a realidade não se banalizar” com o passar do tempo sobre o assunto. O Presidente visitou o agredido e revelou que lhe pediu desculpa: “Pedi desculpa pela agressão de que foi vítima e para a qual não há justificação”.