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Todas as pessoas que ficaram desalojadas na sequência de um incêndio num prédio da Mouraria, em Lisboa, são estrangeiras, adiantou uma fonte da Câmara Municipal à Agência Lusa. O último balanço das autoridades indica que pelo menos duas pessoas morreram, 14 ficaram feridas — entre as quais crianças — e 20 pessoas ficaram desalojadas por causa do fogo que deflagrou na Rua do Terreirinho às 20h37 e que foi extinto às 21h15.

Todos os feridos encaminhados para o Hospital Santa Maria, Hospital de São José para o Dona Estefânia já tiveram alta, confirmou o Observador. O incêndio foi confirmado ao Observador por fonte oficial do Regimento de Sapadores de Bombeiros de Lisboa. Segundo o Jornal de Notícias, que cita fonte dos bombeiros, as vítimas mortais são uma criança de 14 anos e um homem de 30.

[Ouça aqui a reportagem da Rádio Observador na Mouraria]

Estas casas são “camaratas autênticas”. Reportagem junto ao prédio da Mouraria

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Carlos Moedas, presidente da autarquia, já tinha indicado que existem desalojados na sequência do incêndio, mas garantiu que “ninguém vai ficar sem teto”. Também já tinha adiantado que, entre os desalojados e os feridos, existem “pessoas estrangeiras”, mas o autarca não soube precisar as nacionalidades. “Vamos estar a acompanhar”, assegurou em visita ao local, assumindo-se “de coração nas mãos”: “Não sabemos de nada, estamos a investigar, a ver o que passou e porque é que aconteceu.”

À Lusa, Margarida Castro, diretora do Serviço Municipal de Proteção Civil de Lisboa, esclareceu que das 14 vítimas do incêndio, duas são de nacionalidade argentina e 11 da Península do Industão, região asiática que compreende países como a Índia, Paquistão, Bangladesh e Nepal. Um português ficou também ferido mas é uma “vítima colateral”, porque não estava no prédio quando do incêndio.

De acordo com o relato da Rádio Observador no local, o incêndio consumiu o rés-do-chão do prédio, onde viviam todas as vítimas do incidente. As janelas estão partida e as portas abertas — todas com caixalharias em madeira. No interior, há beliches de ferro e contraplacado e alguns tecidos a cobrir a cama. O espaço era um armazém, mas foi transformado em alojamento local há um ano. À porta, há um edital de insolvência.

Manuela Silva, habitante da Mouraria, denunciou à Rádio Observador que são recorrentes os casos de habitações em mau estado que estão, ainda assim, a ser utilizadas. “Estas casas aqui são camaratas autênticas”, descreveu a testemunha do incêndio, explicando que é prática comum o subaluguer de casas na Mouraria: “Há casas com 10, 15, 20 pessoas. Não há segurança”. O relato é confirmado por Manuel Nunes, que vive na mesma zona da cidade há 50 anos e que se queixa da má gestão da habitação pela junta de freguesia.

Em declarações às televisões ainda no sábado à noite, o tenente coronel Tiago Lopes adiantou que estiveram no local 50 operacionais, entre PSP, INEM e bombeiros, apoiados por 20 viaturas. Os feridos foram transportados para os hospitais de São José, Santa Maria e Estefânia. Segundo o mesmo responsável, serão feridos ligeiros, estando em causa inalação de fumo. As entidades competentes vão agora verificar as causas do incêndio.